Segundo uma nota do município, durante todo o mês de agosto, o Museu dos Rios e das Artes Marítimas, em Constância, escolhe um Abringel, como «Peça do mês» para estar em destaque numa das suas salas, uma miniatura, em madeira, de uma embarcação típica do rio Zêzere. O original desta embarcação (Abringel) era construído em madeira crua, de pinho, e impermeabilizada com pez louro (resina), tinha o fundo chato, a proa e a popa cortadas a direito e era movida a remos (dois) ou à vara.
O Abringel, com 6 a 7 metros de comprimento e cerca de 1,2 metros de largura, destinava-se a sulcar águas pouco profundas. Era um barco construído pelos madeireiros nos pinhais, que ladeavam o rio Zêzere. Tinha como função transportar os madeireiros, geralmente um ou dois, e os seus pertences (comida, roupa, mantas, utensílios de cozinha e objetos pessoais), para seguir a madeira, que vinha por flutuação, rio abaixo, até Constância, para abastecer as serrações da Praia do Ribatejo, Abrantes e Valada (Cartaxo). Este trabalho, de acompanhamento dos troncos de madeira, que durava de duas a três semanas, era realizado no verão, quando o rio Zêzere tinha pouco caudal, o que obrigava os madeireiros a entrar frequentemente na água para soltar os troncos que ficavam presos no areal ou noutros obstáculos. Por isso, os madeireiros andavam sempre de ceroulas e dizem que, quando chegavam à vila, envergando estes trajes, não vestindo sequer umas calças, indignava alguns habitantes, especialmente as senhoras, que consideravam uma falta de respeito.
Chegados a Constância e, já sem utilidade para os madeireiros, estes barcos eram vendidos aos moradores da vila e, também, da Praia do Ribatejo, que os pintavam a seu gosto e o utilizavam principalmente na pesca, mas também no transporte de lenha e tojo.
Recorde-se que a «Peça do mês» está exposta numa das salas do museu, onde pode ser apreciada e a sua divulgação é efetuada através das páginas de Facebook do Museu dos Rios e das Artes Marítimas e do Município de Constância.