Início CULTURA CONSTÂNCIA – Concelho… em passo de passeio

CONSTÂNCIA – Concelho… em passo de passeio

Uma visita à vila de Constância pode muito bem começar no adro da igreja matriz da vila. Deite o olhar daí para baixo e terá uma magnífica vista sobre o conjunto histórico da vila e sobre os rios Tejo e Zêzere que se encontram lá ao fundo. O cenário que temos na frente, para além da sua imensa beleza, sintetiza o espírito e a história desta terra, profundamente ligados, há muitos séculos, aos rios e às atividades que eles proporcionam: o transporte fluvial, a construção e a reparação navais, a pesca e, mais recentemente, as atividades de lazer e o turismo cultural e de natureza.

Merece ser visitada a igreja matriz, mas para isso é necessário que antes manifeste essa vontade no Posto de Turismo. É um templo esplendoroso que foi sendo construído ao longo de vários séculos e que se confunde com a própria evolução histórica da vila. O altar de Nossa Senhora da Boa Viagem, numa das capelas laterais, é um lugar especial de devoção, onde permanece a imagem que todos os anos pela Páscoa desce aos rios, em procissão, para a Bênção dos Barcos e das Viaturas. Descendo a Rua de Sant’Ana, tem, a meio dela, a linda capela da mesma invocação, a única das cinco capelas que subsiste de um conjunto de cinco que a vila tinha no século XVIII.

Após a passagem desnivelada sobre a estrada nacional, à sua direita, pode visitar o Museu dos Rios e das Artes Marítimas, guardião das centenárias memórias dos rios e dos que neles fizeram as suas vidas. Se retomar a rua que deixou, verá que ela é agora chamada Marquês de Pombal e, mais abaixo, Machado Santos. Mas é Rua de São Pedro que o povo lhe chama por ser essa a designação tradicional, ligada à memória de uma antiga capela dessa invocação que existiu até ao século XIX. Dela apenas subsiste a torre do relógio da vila que alberga um dos poucos relógios de um ponteiro só que continuam a funcionar em Portugal.

Ali ao lado fica a Casa-Museu Vasco de Lima Couto, um dos muitos poetas que amaram Constância, viveram nela e lhe deixaram o melhor de si próprios. Como Alexandre O’Neill que doou ao município a sua biblioteca pessoal, hoje à disposição do público na Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill. E, antes de todos, Luís de Camões, que a tradição garante ter vivido em Punhete – como Constância então se chamava –, durante algum tempo, em meados do século XVI. A sua Casa-Memória pode vê-la lá em baixo, à beira Tejo.

Antes de descer, não perca a vista da Rua do Arco, aprecie a beleza das flores e das escadinhas e do Tejo que vai correndo lá em baixo. Desça o que lhe falta da Rua de São Pedro e estará na Praça. Aqui foi, por muitos séculos, o centro cívico, político, religioso e comercial de Constância. O pelourinho, uma peça de grande beleza estética e considerável importância histórica, simboliza a autonomia e a justiça municipais. Na esquina da Rua Luís de Camões está a Antiga Cadeia, um dos poucos edifícios que em Portugal foram construídos de raiz para servir de cadeia e que atualmente serve propósitos culturais.
Dê uma volta pela zona ribeirinha, de uma grande beleza e serenidade. E, ali perto, não deixe de visitar o Monumento a Camões e o lindíssimo e muito significativo Jardim-Horto Camoniano, um dos mais vivos e singulares monumentos erguidos no mundo a um poeta. Entre vários outros motivos de interesse, poderá apreciar a grande maioria das plantas mencionadas pelo poeta na sua obra, num total de 56 espécies, e, através delas, fazer uma viagem pela nossa identidade coletiva e pela universalidade da cultura portuguesa.

Neste tempo de verão poderá sempre dar um mergulho nas águas frescas e cristalinas do Zêzere, tomar uma bebida num dos bares próximos dos rios, passear, conversar, descansar. Mas o concelho de Constância tem muito mais para além da vila. Na freguesia de Montalvo, apesar das grandes e benéficas transformações das últimas décadas, devidas à instalação do Loteamento Industrial, pode ainda encontrar um ambiente de ruralidade tradicional.

No Alto de Santa Bárbara, nas proximidades da vila, situa-se o Centro Ciência Viva de Constância, um dos mais bem equipados e mais ativos do país que, neste tempo de verão, oferece ao visitante um rico e diversificado programa de atividades científicas e, em especial, astronómicas.

Cruzando o Tejo, na freguesia de Santa Margarida, tem à sua espera o Parque Ambiental, um espaço amplo de divulgação e valorização da natureza que oferece, igualmente, um diversificado e interessante conjunto de percursos pedestres de observação e interpretação da natureza por todo o concelho. No seu interior, não perca o Borboletário que o irá surpreender com a enorme e colorida diversidade de borboletas de diferentes tamanhos e tonalidades, como se, de repente, tivesse mergulhado no ambiente dos trópicos. Com tanto calor que agora faz também nestas terras do Tejo e do Zêzere, procure o fresco dos rios, caminhe, conviva, divirta-se. E, passo a passo, sem pressa, descubra Constância, as suas terras e a sua gente. www.cm-constancia.pt