O Município da Chamusca vai promover, integrado na agenda cultural de janeiro a fevereiro, com periodicidade quinzenal, o ciclo cultural INquieto numa proposta de espetáculos diversificados que permitam uma abordagem emocional de temas que questionam a humanidade e a vivência cultural, numa partilha com o público de emoções e sentidos, com a Arte a inundar de inquietação no antigo Centro Regional de Artesanato, com produção da Companhia de Teatro do Ribatejo – CTR.
Partindo da Arte Teatral como pano de fundo para outras intervenções artísticas, INquieto é um conceito de confrontação entre o público, os artistas e o espaço, criando novas formas de leitura artística que surpreendam em cada sessão o espetador, enquanto consumidor ativo e participante do produto cultural. Por esse motivo o espaço amplo do antigo Centro Regional de Artesanato será transformado em cada sessão, num palco original conforme a temática do espetáculo. Para a Vice‐Presidente do Município, Cláudia Moreira “este ciclo surge na sequência natural do projeto cultural do Município com o objetivo de diversificar a oferta cultural, como forma de aproximação a públicos diferenciados, procurando estimular a produção cultural, lançando desafios aos criadores locais.” INquieto é uma viagem ao mundo desconcertante da alma humana e da visão de grandes autores universais, numa leitura moderna e participativa, onde se misturam os génios de Pessoa, Saramago, Gogol, Alves Redol, Santareno, Florbela Espanca, ou o atrevimento artístico na abordagem de temas como o nazismo, o feminismo ou até a poética da paixão das tradições taurinas.
INquieto quer discutir o pensamento, quer incomodar a nossa atitude passiva e meramente consumista da Arte apelando à capacidade crítica do espetador, enquanto elemento fundamental da relação com os produtos artísticos. Afinal, INquieto pode ser todos os heterónimos de Pessoa, onde a angustia, o conflito, o amor, a saudade e a morte são elementos fundamentais do viver humano. O dia 13 de janeiro de 2017 marcará o início de uma inquietude que espera contagiosa, com o espetáculo Minha Querida Anne Frank, baseado nas cartas da própria Anne Frank e outros textos, onde o Holocausto é retratado através dos olhos duma jovem cujas cartas resistiram ao terror nazi e se transformaram num dos maiores símbolos de denúncia de um dos maiores crimes contra a humanidade. Num espetáculo de grande dureza emocional Minha Querida Anne Frank é uma abordagem artística em que os atores são afinal, os portadores de todas as humilhações dum tempo que importa não esquecer, para que não volte a ser possível. O público enquadra-se neste espetáculo, não como vulgar espetador de momentos dolorosos, mas antes percebendo que cada um é afinal aquele, ou aqueles, que no palco dão vida aos milhões de homens e mulheres destruídas pelo holocausto.