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ATUALIDADE – NERSANT promoveu novas práticas e soluções inovadoras para a agricultura sustentável

No âmbito do projeto financiado Farm to Fork New Business – Inovação e Empreendedorismo no Sistema Alimentar, a NERSANT – Associação Empresarial da Região de Santarém incentivou as empresas da região a implementar novas práticas e soluções inovadoras para uma agricultura mais sustentável. O webinar decorreu no dia 31 de maio, no âmbito da Feira do Empreendedorismo, Emprego e Formação e contou com a presença de mais de 40 participantes. A quarta sessão do ciclo de webinares do projeto financiado Farm to Fork New Business – Inovação e Empreendedorismo no Sistema Alimentar decorreu na tarde do passado dia 31 de maio. Pedro Félix, Vice-Presidente da Comissão Executiva da NERSANT interveio na abertura do webinar, dando a conhecer o projeto financiado à plateia, bem como as atividades previstas no âmbito da implementação do mesmo. “Este webinar é o último de um ciclo de quatro sessões realizadas ao abrigo do projeto Farm to Fork New Business”, referiu, acrescentando que este ciclo de sessões “marca o início de várias ações previstas no âmbito do projeto”. “O Farm to Fork é um projeto com duplo objetivo: partilhar informação com empresas, sensibilizando-as para a adoção de práticas sustentáveis nos sistemas alimentares e sensibilizar os empreendedores para as novas oportunidades de negócio nesta área”, esclareceu Pedro Félix, elencando de seguida algumas das ações previstas no âmbito do Farm to Fork, tais como “a produção de um documento sobre cada um dos temas deste ciclo de webinares”, “a realização de um estudo sobre tendências de consumo alimentar da geração Z”, “a preparação de um documento com casos de sucesso de empreendedorismo nesta área” e o “lançamento de uma bolsa de ideias de negócio no âmbito da sustentabilidade alimentar, que os empreendedores podem aproveitar”. Para além disso, acrescentou, vamos ter ainda a realização de “laboratórios de inovação”, “concursos de ideias” e uma “conferência internacional”, em jeito de encerramento do projeto.

Maria do Céu Godinho, da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Santarém foi a primeira das oradoras convidadas a intervir no webinar sobre o tema “A abordagem agroecológica como resposta aos desafios atuais”. Na sua intervenção, a docente fez saber que um dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU é a “fome zero e a agricultura sustentável”, que “consiste no alcance da segurança alimentar para todas as pessoas e melhor nutrição por meio da promoção de uma agricultura sustentável”, sendo, por isso, a “agroecologia uma importante resposta a este objetivo e às mudanças climáticas”. A profissional abordou de seguida o conceito de agroecologia, “a abordagem necessária para garantir a segurança alimentar global”. O “conceito dinâmico” é definido como “o estudo e integração da ecologia nos sistemas alimentares”, “a aplicação dos princípios ao desenho e gestão dos sistemas produtivos” e a “integração da ciência, educação e ações de transição e mudança”. “Como um conjunto de práticas agrícolas, a agroecologia procura formas de melhorar sistemas agrícolas aproveitando os processos naturais, criando e fomentando interações e sinergias biológicas benéficas entre os componentes dos agroecossistemas, ao mesmo tempo que minimiza os inputs externos sintéticas e tóxicos e utiliza processos ecológicos e serviços de ecossistemas para o desenvolvimento e implementação de práticas agrícolas”, concluiu.

“A diversidade é a palavra-chave”, lançou Maria do céu Godinho, acrescentando que “a questão não é adaptar os sistemas, é transformar, redesenhar, potenciar o uso dos recursos naturais e os serviços dos ecossistemas” e isto pode ser feito através de “coisas simples, coisas possíveis, cientificamente testadas”, como a “rotação cultural, culturas de cobertura, culturas intercalares, enrelvamento, bordaduras, corredores ecológicos, refúgios (lagos) e gestão criteriosa de variedades (água, fertilizantes e pesticidas)” e de “soluções cada vez mais à medida”. “Há uma só saúde: saúde humana, saúde animal e saúde ambiental e é neste sentido que a agroecologia trabalha”, concluiu a docente. O seminário prosseguiu com a apresentação de Ana Paula Nunes, sobre “O COTHN na resposta aos desafios da sustentabilidade”, incidindo particularmente no “Projeto MaisSolo”. A responsável deu a conhecer o COTHN-CC – Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional – Centro de Competências, seus objetivos, atividades e serviços, sendo o MaisSolo um dos projetos desenvolvidos por esta associação, em conjunto com uma série de parceiros, entre eles alguns da região (Instituto Politécnico de Santarém, Agromais, Torriba, Sociedade Agrícola da Herdade das Malhadinhas e Sociedade Agrícola de S. João de Brito).

O projeto – detalhadamente explicado por Ana Paula Nunes – pretende aplicar tecnologias alternativas à luta química, nomeadamente, um novo produto que será utilizado nas culturas de cobertura ou em sucessão cultural, constituído por sementes inoculadas com microrganismos benéficos. Consta ainda no programa de trabalho, a introdução de outras soluções melhoradoras como a biofumigação, plantas “developer” e luta biológica. Estas técnicas permitirão retirar tratamentos muito tóxicos para um estabelecimento de espécies de microrganismos que, quando presentes no ambiente rizosférico, protegem as plantas do ataque de agentes patogénico. Os objetivos do MaisSolo são, desta forma, “melhorar a proteção das culturas reduzindo a dependência de pesticidas, face aos problemas fitossanitários que resultam do ataque de organismos presentes no solo”, “aumentar a eficiência do uso dos recursos na produção agrícola contribuindo para a manutenção da biodiversidade e conservação do solo e da água” e ainda “dotar os beneficiários de uma maior capacitação na tomada de decisão”. “O que estamos a fazer é, assim, aumentar a diversidade, melhorar a atividade do solo, promovendo a sustentabilidade económica”, concluiu Ana Paula Nunes.

Como casos de sucesso, o seminário apresentou a Orivárzea e a Terramay. A primeira empresa, dedicada à produção de arroz com sede em Salvaterra de Magos, foi apresentada por Joaquim Bravo, que explicou a utilização da “orizicultura de precisão” e a adoção de conceitos da indústria 4.0 por parte da empresa, que pretende com este trabalho corresponder ao Pacto Ecológico Europeu. Quanto à Terramay, a empresa alentejana foi apresentada pelo cofundador David de Brito. Trata-se de uma quinta biológica que tem como missão “criar um ecossistema equilibrado que produza alimentos saudáveis, tratando o meio ambiente e os animais com o respeito e amor que merecem. As áreas rurais incluem montado, hortas biológicas, pastagens e terras aráveis. Temos por objetivo praticar uma agricultura regenerativa que nos permita, e à nossa comunidade, ser autossuficientes”.

O workshop terminou com a apresentação, pela NERSANT, dos apoios à criação de empresas da associação. Para mais informações sobre o projeto “Farm to Fork New Business – Inovação e Empreendedorismo no Sistema Alimentar”, os interessados devem contactar a NERSANT através dos contactos farmtofork@nersant.pt ou 249 839 500. De referir que o projeto “Farm to Fork New Business – Inovação e Empreendedorismo no Sistema Alimentar” é apoiado pelo Compete 2020 no âmbito do SIAC, inserindo-se na estratégia de apoio ao empreendedorismo qualificado que a NERSANT tem vindo a desenvolver na região.