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ATUALIDADE – Desafios da restauração do futuro em debate na Feira Empresarial Digital do Sorraia

“A Restauração de Futuro – Quais os Desafios?” foi o tema escolhido pelo Núcleo NERSANT do Sorraia para a 4.ª sessão informativa realizada online, no âmbito da Feira Empresarial digital do Sorraia, que terminou no domingo, 31 de outubro. Com a participação de 60 expositores e 331 produtos e serviços, de empresas dos concelhos de Coruche, Salvaterra de Magos e Benavente, o certame digital registou 8099 visitantes ao longo do mês de outubro. A Feira Empresarial Digital do Sorraia promoveu um ciclo de quatro sessões informativas que contaram com cerca de 200 pessoas inscritas, e abordaram temas como a digitalização dos negócios, medidas de autoproteção obrigatórias, e a redução de custos de energia com fontes alternativas. Coube ao presidente do Núcleo NERSANT da Região do Sorraia, José Balbino, fazer a abertura desta quarta sessão informativa, dedicada ao tema Restauração de Futuro – Quais os Desafios? e que teve como oradora Patrícia Abreu, da AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal.

O setor mais afetado pela pandemia

Para a jurista da AHRESP Patrícia Abreu, o maior desafio da restauração é a sobrevivência. Isto porque se trata do setor mais afetado pela pandemia, devido à limitação da circulação, distanciamento obrigatório entre as pessoas, e restrições ao funcionamento. A AHRESP considera que os apoios foram pouco ágeis e pouco robustos (moratórias). Como ameaças ao setor salienta ainda os elevados custos de contexto da atividade e fiscais / transversais (+ custos eletricidade e combustíveis) e a legislação laboral que não atende às especificidades, concertação social / agenda política. Refere ainda a falta de profissionais, sentindo-se dificuldades no recrutamento, na formação, qualificação e dignificação dos profissionais do setor.

Inquérito revela efeitos devastadores nas empresas

Patrícia Abreu divulgou os resultados de um inquérito realizado pela AHRESP em setembro de 2021, no qual se destaca que 49% das empresas registaram quebras na faturação de setembro, face ao mês homólogo. Segundo o inquérito, 16% das empresas ponderam avançar para insolvência, caso não consigam suportar todos os encargos. Apenas 10% das empresas indicam ter registado faturação suficiente no período de verão para aguentar os meses de época baixa. De acordo com este inquérito, 34% das empresas assumem que não conseguem manter o negócio até ao final do ano, se os apoios não forem reforçados. Segundo a AHRESP, no final de setembro de 2021, 45% das empresas tinham créditos em moratória. Destas, 26% assumem não conseguir retomar os pagamentos a partir de outubro e 35% não sabem se conseguem.

Perante esta situação, o desafio da adaptação implica a adesão aos novos hábitos de consumo, apostar nas experiências mais do que mera oferta de produtos e serviços; privilegiar o endógeno, o autêntico, o tradicional, o fresco, a qualidade, o “saudável”, considerando a gastronomia como produto turístico. Deve ser reconhecida a importância do mercado interno / turista nacional. Importa também reforçar a preocupação (e investimento) nas medidas de higiene e segurança, de forma a reforçar a confiança dos consumidores.

Responsabilidade social, sustentabilidade ambiental e alimentar são igualmente questões a considerar neste processo de adaptação. A aposta no take-away / delivery; o “salto” tecnológico universal: com presença nas Redes Sociais e/ou nas plataformas de promoção e reservas; e a adesão à Economia sem contacto / contactless (reservas, pedidos, descontos, pagamentos) são também aspetos a considerar.

As exigências da AHRESP

Por outro lado, a jurista da AHRESP considera fundamental para o setor vencer o desafio da sobrevivência garantir o ambiente favorável ao negócio. E para isso importa garantir a disponibilização dos mecanismos de redução do endividamento; e garantir que as instituições bancárias não condicionam o acesso ao financiamento. A AHRESP defende a aplicação temporária, em 2022, da taxa reduzida IVA a todo serviço de alimentação e bebidas e reposição integral na taxa intermédia a partir de 1 de janeiro de 2023, a redução global da fiscalidade para incentivo ao investimento; e a existência de estabilidade e previsibilidade fiscal.

A Associação apresenta propostas para o apoio à criação, requalificação e ampliação de estabelecimentos; apoios para o investimento em higiene e segurança de pessoas e dos espaços, bem como nos meios de pagamento digitais. Considera da maior importância as matérias ambientais e de sustentabilidade. Defende um Plano de Ação para atrair e reter recursos humanos qualificados; e apoios para a contratação de novos recursos humanos.

A técnica do Departamento Técnico e Jurídico da AHRESP defende a manutenção dos mecanismos que permitam alguma flexibilidade laboral; a existência de estabilidade em matéria laboral; a promoção do conhecimento e das competências digitais; e a implementação universal da realidade digital.

Os desafios do futuro da restauração

Patrícia Abreu deixou ainda uma palavra sobre o desafio da atual conjuntura política, marcada pelo chumbo do Orçamento do Estado 2022 (OE), que irá implicar a Governação em duodécimos, a partir de janeiro 2022, até à aprovação de um novo OE, após a realização de Eleições antecipadas. Por outro lado, importa ter em conta a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Perante esta instabilidade e incerteza, a AHRESP considera fundamental manter as reivindicações em cima da mesa de forma assegurar a sobrevivência de um setor fundamental para a economia do País.