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ACTUALIDADE – Embaixada tomarense na semana da Chanfana de Vila Nova de Poiares

Foi com o selo de “Produto da Gastronomia Nacional” que a chanfana, prato típico de Vila Nova de Poiares, Miranda do Corvo e outras regiões beirãs chegou à mesa dos nove restaurantes que participaram de 12 a 22 de janeiro em mais uma semana dedicada à especialidade, nesta 14.ª Semana da Chanfana de Vila Nova de Poiares, no distrito de Coimbra, e que voltou a atrair mais de 10 mil visitantes, o número alcançado na edição anterior de 2018, segundo a Confraria da Chanfana. Durante 11 dias, a carne de cabra assada no forno em caçoilas de barro preto com vinho tinto – considerada uma das 7 Maravilhas Gastronómicas de Portugal – foi o prato que atraiu comensais de todo o país, através de cinco restaurantes aderentes e continuará a ser nestes meses até Maio. Todos os anos e há oito anos consecutivos, por ideia e grande impulso de João Simões distinto professor advogado e deputado municipal, agora tomarense radicado, mas nascido e criado no concelho de Poiares, onde seu pai foi notário, e presidente de Câmara, se parte rumo a Poiares degustar o que os poiarenses dizem “manjar do Deuses”. Desta vez João Simões, que é Confrade desta confraria e que ama Tomar, mas não esquece a sua terra de nascimento, fez questão e convidar a Presidente da Câmara de Tomar, os vereadores Hélder Henriques, Hugo Cristovão e Filipa Fernandes (que marcaram presença) e outros autarcas, que se juntaram ao grupo de 55 tomarenses, que participam neste ida em grupo organizado, pelo autor deste texto. Cada um pagando a sua conta, alguns experimentando pela primeira vez e timidamente o prato, outros já clientes habituais e tendo como anfitrião o presidente da Câmara local João Miguel Sousa Henriques e com animação do Grupo da Universidade Senior de Poiares, provaram e aprovaram o almoço confeccionado pela Confraria da Chanfana, servido, (dado não haver espaço no Confrade ou em restaurante algum); no Salão do Centro Cultural, edifício construido onde era o antigo quartel dos bombeiros.

A chanfana, um prato confecionado à base de carne de cabra, vinho tinto, alho, louro, pimenta e colorau, é cozido dentro de recipientes de barro preto em fornos a lenha. Um método de confeção que é respeitado pelos restaurantes participantes em Vila Nova de Poiares (distrito de Coimbra), intitulada “Capital Universal da Chanfana“. Para além da chanfana e, ainda à mesa, pode-se comer o arroz de bucho, os negalhos e o doce regional poiaritos, com a entrada da “troucha cabreira” um pastel de massa folhada recheado com carne de cabra. Recorde-se que a QUALIFICA, associação nacional que visa a qualificação dos produtos típicos portugueses, declarou a “Chanfana de Vila Nova de Poiares” como Produto da Gastronomia Nacional e foi o primeiro Prato Gastronómico a obter esta qualificação”. Desta forma, foi autorizado o uso da marca “Produto da Gastronomia Nacional” nos restaurantes de Vila Nova de Poiares. Mas, se muitos apontam como Semide- Miranda do Corvo, pelos registos históricos como a terra do aparecimento da chanfana em Portugal no período das Invasões Francesas, no início do século XIX e como forma de se terem matado os rebanhos e guardado a carne que pode ser guardada por longos períodos devido à gordura da confecção e na altura não haver frigoríficos e a matança dos rebanhos se deva, para que os soldados não tivessem nas invasãões nada para comer, este prato é comum às regiões bairradinas e ultimamente devido à divulgação “entrou na moda”. Outros apontam que é a única forma de comer as cabras velhas, já inúteis no rebanho, que depois de abatidas são cortadas em postas e cozinhadas no forno em caçoilas ( tachos de barro) Aspecto determinante é o facto da carne ser coberta de vinho, o que contribui para o excelente sabor obtido. Referem as mestres de cozinha que só cabras velhas dão boa Chanfana e com bom vinho tinto, aguardente, alecrim, alho, azeite, cebola, cravinho, sal, salsa, vinho tinto, se faz a Chanfana. Como modo de preparação dizem que: Na véspera corta-se a cabra aos bocados, ficando em vinha-de-alhos até pelo outro dia. No dia seguinte, põe-se o tacho ao lume com a cebola a alourar, juntando-se-lhe a carne de cabra e a vinha-de-alhos, o cravinho, o louro e uma boneca de alecrim e deixa-se estar a ferver. A meio da cozedura deita-se um copo de aguardente, tapa-se o tacho, ficando a ferver até estar cozida e terem passado os cheiros da aguardente e do vinho, num tempo entre as cinco e seis horas. A chanfana é servida com batata cozida grelinhos e para 2020 esperamos pelo desfio de João Simões para irmos novamente à sua terra, degustar este prato regional. António Freitas