Achado arqueológico designado por “Crânio da Aroeira”, o mais antigo fóssil humano encontrado até hoje em Portugal, vai ser depositado no Museu Nacional de Arqueologia. O Crânio da Aroeira está de regresso a Portugal e vai ser entregue ao Museu Nacional de Arqueologia (MNA), em Lisboa. O depósito foi feito pelo investigador responsável pelo achado, o arqueólogo João Zilhão. Este ato simbólico realiza-se após a conclusão dos trabalhos de estudo e restauro a que o fóssil foi submetido na Universidade Complutense de Madrid, desenvolvidos por uma equipa internacional liderada por Juan Luis Arsuaga, reconhecido especialista em evolução Humana no período envolvido, e que também acompanhará o momento da entrega ao Museu. Descoberto em julho de 2014 na gruta da Aroeira, complexo arqueológico do Almonda, em Torres Novas, este crânio humano com 400 mil anos é um dos poucos dessa época encontrados no mundo. A investigação desenvolvida a seu respeito, acompanhada em permanência pela DGPC/MNA, acrescentou conhecimento ao estudo da Evolução Humana e gerou novos argumentos a favor da tese que defende a inclusão de todos os fósseis deste período numa única espécie ancestral ao Homem moderno. A par da designada “criança do Lapedo”, achado ocorrido na região de Leiria em 1998, o Crânio da Aroeira vai ser uma das peças-chave de uma exposição sobre Evolução Humana a partir de achados realizados em Portugal que está ser preparada no MNA, com o apoio da UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, da Câmara Municipal de Torres Novas, da Lusitânia Seguros e de outras instituições com as quais decorrem contactos. A abertura está prevista para o segundo semestre de 2018, em momento ainda a definir. Nessa mostra serão assim expostos ao público, pela primeira vez, os dois fósseis descobertos no nosso país que contribuíram de forma muito significativa para a revisão profunda do entendimento científico da Evolução Humana, nomeadamente no que respeita à origem e destino do Homem de Neandertal. Sob o comissariado científico de João Zilhão, a exposição documentará o contexto tecnológico, cultural e paleoambiental das populações humanas representadas — as que habitaram o território hoje português entre 500.000 e 10.000 antes do presente. Serão ainda exibidos restos fósseis mais fragmentários provenientes de outras jazidas, igualmente pertencentes ao acervo do MNA: Galeria da Cisterna (Torres Novas), Gruta da Oliveira (Torres Novas) e Gruta do Caldeirão (Tomar). Nota: Os resultados científicos sobre o Crânio da Aroeira foram publicados em março de 2017 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) (http://www.pnas.org/content/114/13/3397.full.pdf?sid=4e8b12cd-d350-43ad-bbfd-95c493f6bbba) www.cm-torresnovas.pt