Houve falha humana na resposta inicial do comando de operações ao incêndio que causou a morte de 64 pessoas em Pedrógão Grande. A conclusão foi avançada, nesta quinta-feira, pela Comissão Técnica Independente que, recorde-se, foi criada para analisar toda a envolvência da trágica ocorrência que assolou aquele e outros concelhos dos distritos de Leiria e Coimbra. Convém referir que está em causa um relatório feito por peritos sendo que as conclusões foram aprovadas por unanimidade e já entregues na Assembleia da República. E uma das conclusões deste inquérito diz respeito, logo, à origem do fogo, sendo que a comissão técnica fala em «descargas eléctricas mediadas pela rede de distribuição». Quanto às falhas na resposta ao incêndio, a Comissão refere que «deveria ter sido feito no seio do comando o planeamento desta operação de socorro e deveria ter resultado na mobilização dos meios necessários, incluindo a GNR, para evitar que se tivesse verificado uma fuga para a morte, tal como veio a acontecer». O relatório diz ainda que «tal trabalho de antecipação só poderia ter sido feito com o apoio de analistas de incêndios e de meteorologistas especializados, que permitisse uma adequada avaliação da situação em tempo real. A verdade é que nenhuma destas competências existe na Autoridade Nacional de Protecção Civil, apesar da enorme gravidade e frequência dos incêndios em Portugal». Quanto às mortes na Estrada Nacional 236, os peritos falam em soluções que podiam ter sido seguidas, nomeadamente «ordenada a evacuação atempada das aldeias ameaçadas ou poderiam ter sido tomadas medidas para que as pessoas não saíssem de casa». O texto iliba a Guarda Nacional Republicana ao referir que as medidas que poderiam ter sido tomadas estavam «dependentes de informação que a GNR não dispunha».