A Câmara Municipal de Tomar procedeu à contratação de uma Sociedade de Advogados, por um valor de 45 mil euros, no sentido de desbloquear três processos que se arrastam desde há vários anos, nomeadamente a questão da churrasqueira que está situada na área do mercado municipal, o dossier relativo à Estalagem de Santa Iria e ainda no que diz respeito à suposta cafetaria/quiosque do Mouchão. Rui Serrano, vice-presidente da autarquia nabantina, justificou a necessidade de recorrer a serviços externos com o facto de, nesta altura, a designada “prata da casa” não ter capacidade para «dar uma resposta atempada» neste sentido, o que motivou críticas por parte do Partido Social-Democrata. O vereador João Tenreiro disse desconhecer a Sociedade Correia Fernandes e Associados (que tem sede na Avenida da República, em Lisboa), lamentando que os funcionários do município, entre eles Anabela Estanqueiro, a número quatro da lista do PS nas Autárquicas – recentemente contratada pela Câmara – sejam colocados de lado.
Bruno Graça, vereador da Câmara de Tomar, usou da palavra neste ponto da ordem de trabalhos e teceu duras críticas a três funcionários da autarquia, acusando-os de não terem cumprido com aquilo que tinha sido delineado a propósito, particularmente, de um projecto para a churrasqueira do mercado: «Qualquer destes projectos está há dezenas de anos para ser feito… As coisas não atam nem desatam. Em Março de 2014, algo ingenuamente, pensava eu outra coisa destas coisas todas, quis fazer uma equipa transversal, ou seja, um jurista, um economista e um homem do urbanismo. Criei uma Comissão de três dirigentes. E ingenuamente pedi-lhes qualquer coisa ao fim de trinta dias. Ao fim de um ano, fiz eu aqui figura “de parvo”, a dizer que aquilo seria lançado, precisamente a questão da churrasqueira. Essas três pessoas disseram que estava pronta. Mas quando lhes pedi os dados para levar para a reunião de Câmara, disseram-me que não, que tinham de voltar à estaca zero. Quero que isto ande para a frente, se não é de uma maneira, é e outra!».
Estas palavras de Bruno Graça mereceram duras críticas de Isabel Boavida, eleita do Partido Social-Democrata na Assembleia Municipal de Tomar, que catalogou as afirmações do vereador como «deploráveis», lamentando que o actual executivo PS/CDU «se julgue mais esperto do que todas as pessoas»: «Achei chocante, para não dizer outra coisa, que o senhor vereador Bruno Graça tenha usado a palavra e tenha passado um atestado de incompetência a toda a gente. Parece que aqui ninguém sabe fazer nada, nem sabe coisa alguma. Alguém tem que se doutorar em Oxford, ou coisa assim… Depois do que fizeram aos chefes de divisão, que estão a olhar para as moscas há dois anos, afinal também já estão pessoas na prateleira dentro da Câmara, que é o chamado serviço de ambulatório. Então um vereador refere-se aos trabalhadores desta maneira?! Fiquei chocada e achei deplorável como é que se canta o «Grândola Vila Morena» e depois se trata as pessoas desta casa desta forma. As pessoas têm valor e dignidade. Então os senhores agora chegam aqui e são mais espertos do que toda a gente?!».