No dia 4 de agosto, na Sertã, nas instalações do SerQ, realizou-se uma reunião entre a Comissão Técnica Independente da Assembleia da República e o Município da Sertã, representando a parte do Município o Presidente José Farinha Nunes, Alfredo Dias, Presidente da Assembleia Municipal e técnicos do Município de diversas áreas, nomeadamente, florestal, ação social e urbanismo. A Comissão Técnica Independente foi criada pela Assembleia da República para proceder a uma análise célere e ao apuramento dos factos relativos aos incêndios que ocorreram na região a 17 de junho.
José Farinha Nunes abriu os trabalhos da reunião referindo que “este tipo de reuniões e as suas conclusões são muito importantes para que no futuro se evitem tragédias como a que vivemos em junho”. O autarca focou diversos aspectos que têm que ser considerados para que se “encare e trate a floresta de modo profissional: o primeiro passo é o cadastro, que permitirá um maior ordenamento. Haverá incêndios, mas não terão tão grandes proporções. É preciso tomar medidas para diminuir a área ardida”, sublinhou. José Farinha Nunes recordou a notícia recente relacionada com a localização da Unidade de Missão para a Valorização do Interior como forma de se estar mais perto do terreno. O autarca deixou no ar a possibilidade de o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) ficar localizado no SerQ.
João Guerreiro, Presidente da Comissão Técnica Independente, apresentou os objectivos daquela comissão, referindo-se à elevada importância de se analisar o incêndio, “para que o susto não se repita tanto em termos de vítimas, como de área ardida”. Sublinhou a necessidade de existir uma visão de floresta de futuro para a zona afectada.
Alfredo Geraldes, Presidente da Assembleia Municipal e Vice-Presidente da Direção do SerQ (em representação da Universidade de Coimbra) interveio, referindo que o cadastro do território está a ser feito, numa primeira fase na freguesia do Troviscal. “É um trabalho que não é fácil, mas é possível. Congregando várias tecnologias para optimizar o rendimento do trabalho em campo, sendo só possível com o envolvimento de todos: câmara, juntas de freguesia, produtores florestais e agrícolas e associações de produtores. Permitirá uma gestão mais eficiente e profissional do terreno, sendo possível a monitorização e calibração dos processos”, concluiu.
José Farinha Nunes referiu-se ao momento presente como sendo o ideal para “implementar de facto as ZIF’s (Zonas de Intervenção Florestal), com regras próprias”. Foi ainda feito um ponto de situação relativamente ao PROF (Plano Regional de Ordenamento Florestal) e ao RJAAR (Regime Jurídico aplicável às Ações de Arborização e Rearborização), que por vezes condicionam a gestão florestal.
A Comissão Técnica Independente foi criada pela Assembleia da República, a 10 de julho, sendo composta por seis peritos indicados pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e designados pelo Presidente da Assembleia da República, e seis peritos indicados pelos grupos parlamentares: João Guerreiro (antigo Reitor da Universidade do Algarve), Carlos Fonseca (Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro), Edelmiro Lopes Iglesias (Universidade de Santiago de Compostela), Paulo Fernandes (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), António Salgueiro (Gestão Integrada de Fogos Florestais), Richard de Neufville (MIT – Estados Unidos da América), Frutuoso Pires Mateus (engenheiro militar), Marc Castellnou Ribau (Chefe da Área Florestal do Corpo de Bombeiros da Catalunha e Presidente da Fundação da Ecologia do Fogo e Gestão de Incêndios), Joaquim Sande Silva Escola Superior Agrária de Coimbra), José Manuel Gomes (Direção-Geral da Administração e Emprego Público e antigo Comandante Operacional Nacional da Autoridade Nacional de Protecção Civil), Francisco Castro Rego (Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa e Centro de Ecologia Aplicada) e Paulo Rainha Mateus (Ministério da Agricultura, assessor do projecto SIMWOOD, docente convidado da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro).