Tiveram início a 2 de agosto os trabalhos da Empreitada de Reabilitação e Reforço Estrutural do Aqueduto dos Pegões, adjudicados à empresa STAP – Reparação, Consolidação e Modificação de Estruturas S.A. pelo valor de 308.860,71€ + IVA e com um prazo de execução de 180 dias. O Aqueduto de Pegões, com uma extensão superior a 6 km, é no troço do Vale dos Pegões, entre as vulgarmente designadas “Mãe-de-Água” ou “Casa de Decantação”, cuja finalidade é promover a decantação da água em transporte, com uma extensão de aproximadamente 400 m que atinge o seu maior expoente, sendo composto por um conjunto de 60 arcos de volta inteira que, na zona central, de arcaria dupla, se apoiam em 17 arcos quebrados, apoiados em pilares atingindo uma altura máxima de cerca de 30m.
A construção do aqueduto remonta a finais do séc. XVI, princípios do séc. XVII, tendo sido mandado erigir por D. Filipe I, para abastecer de água o Convento de Cristo.
O aqueduto encontra-se classificado pelo IGESPAR como Monumento Nacional desde 1910. Não obstante se tratar de um Monumento Nacional, cuja gestão e conservação é da competência do IGESPAR, o município preocupado com a degradação de algumas zonas do aqueduto e o elevado risco de ruína de algumas das colunas, adjudicou em 2016 um conjunto de estudos e o levantamento geométrico do troço entre as duas casas de decantação, incluindo ensaios dinâmicos, caraterização de patologias e desenvolvimento de projeto de reforço estrutural do mesmo. Estes estudos foram realizados no âmbito de protocolo estabelecido com a Faculdade de Arquitetura de Lisboa, a empresa FUNDEC e o gabinete Arquitetando, Lda.
Dos estudos realizados constatou-se, para além da necessária estabilização das
fundações das colunas P14, P15, P16 e P17, a necessidade de confinar lateralmente as
secções transversais dessas colunas através de elementos metálicos horizontais. Os estudos indicam que a estabilização dessas quatro colunas é suficiente para travar a evolução dos danos na zona do aqueduto em análise. Tendo em conta a elevada sensibilidade da estrutura a reforçar, concebeu-se uma solução com elevada rigidez axial, materializada através de micro-estacas verticais e inclinadas (20º com a vertical), encabeçadas por um lintel de coroamento, responsável por transferir cargas da parte inferior das colunas para as micro-estacas.
As micro-estacas serão executadas com equipamento de pequeno porte, induzindo baixo nível de vibrações, com furação de pequeno diâmetro, não produzindo alterações significativas no estado de tensão e de deformação do maciço, minimizando-se, assim, deformações nas colunas. Por outro lado, as micro-estacas são uma solução com rigidez apreciável e permitem a transferência de carga desde a superfície até à profundidade. Assim, a solução de reforço estrutural proposta e a que se refere o presente projeto, consiste no já referido conjunto de micro-estacas, ligadas às colunas através de lintel de coroamento e na colocação de elementos metálicos (em aço, devidamente tratado, metalizado e pintado, com cor a definir) nos cunhais das colunas, afastados verticalmente de 3 m e ligados através de tirantes horizontais. A solução proposta foi concebida com o objetivo de poder ser complementada no futuro, sem alteração do sistema, com tirantes verticais que estabilizarão a coluna caso a monitorização venha a identificar esta necessidade.
Troço a intervencionar estruturalmente – Para além do reforço das fundações das colunas P14, P15, P16 e P17, as ações a realizar correspondem apenas às que são consideradas como imprescindíveis para garantir a durabilidade e estabilidade à zona em causa, e a sua devida integração visual no conjunto, não incluído ações sobre diversas outras anomalias presentes, como sejam a presença de concreções e colonização biológica, perda de massa e coesão superficial em blocos de cantaria, entre outras. Deste modo, e com base no levantamento das anomalias e diagnóstico realizado, acresce à implementação da referida solução de reforço, a necessidade de proceder nas colunas P8 a P18: à remoção de plantas infestantes, ao refechamento de juntas entre blocos constituintes de alvenaria de pedra aparelhada, à reintegração de lacunas de blocos (ou à sua substituição) constituintes de alvenaria de pedra aparelhada, à reintegração de lacunas profundas e pouco profundas em alvenaria de pedra ordinária, ao refechamento de fendas por recurso à sua injeção e da zona envolvente, à remoção de gateamentos e à reintegração de lacunas existentes na alvenaria e na argamassa de revestimento da zona localizada sobre os arcos (canal e caminho). Deste grupo, as atividades de reintegração de lacunas profundas em alvenaria ordinária e de refechamento de fendas por recurso à sua injeção e da zona envolvente são as que se encontram associadas à ocorrência de anomalias mais graves, com origem no deficiente funcionamento das fundações das colunas.