“Uma nova travessia sobre o rio Tejo, no prolongamento do IC9, entre Abrantes e Constância, seria determinante para a coesão territorial da região do Médio Tejo e uma via facilitadora do seu desenvolvimento económico e social”, defende o arquiteto Rui Serrano, do Gabinete de Arquitectura, MODO. O MODO Arquitectos, que recentemente lançou um blogue com a intenção de pensar e propor ideias de valorização do território onde está sedeado, apresenta agora, depois do aeroporto de Tancos, uma ideia de projeto para uma nova ponte que venha a ligar Montalvo ao Tramagal, exatamente no limite dos concelhos de Abrantes e Constância. A ideia da nova travessia que este gabinete de arquitetos reintroduz na discussão pública, acrescentando-lhe os traços de um possível projeto, dando forma e imagem à ambição de agentes políticos, económicos, sociais e da própria população, surge num momento em que está em curso a linha de financiamento Portugal 2020. Este quadro comunitário constitui para o MODO, “uma oportunidade derradeira de viabilização deste projeto”.
Uma alternativa às centenárias e sobrecarregadas pontes atuais – Este projeto pensado para o nó de Montalvo (A23) considera o contexto atual, caracterizado pelos evidentes constrangimentos de circulação nas infraestruturas existentes, para além do “cansaço” próprio de mais de um século de existência destas estruturas. “Fatores que conduzem à urgência da implantação da nova ponte e aos quais se deve juntar o também urgente desenvolvimento desta região.”
Vejam-se os casos das pontes de Constância e Chamusca, que apresentam “grandes limitações”, e que se situam junto de importantes empresas de relativa dimensão, como a Caima, ou a Mitsubishi no Tramagal ou ainda o Eco-Parque do Relvão, na Chamusca. A ponte de Constância mantém, aliás, a limitação de circulação de viaturas pesadas. No caso de Abrantes, o recente investimento na reabilitação da ponte continua a não resolver o trafego intenso de ligeiros e pesados. Muitos dos que se deslocam para o sul do país, passaram a optar por este acesso depois da introdução das portagens na A23. Um quadro que inevitavelmente nos leva à difícil fluidez do tráfego,à degradação das vias e à diminuição da segurança. O arquiteto Rui Serrano recorda que “uma nova ponte rodoviária sobre o rio Tejo está prevista no traçado do IC9, há mais de 10 anos. Ainda assim, e apesar disso, continua a ser adiada pelos sucessivos governos e afastada das intenções e prioridades de investimento da EP – Estradas de Portugal.” O arquiteto defende que “a sociedade civil, empresas, instituições e população em geral não devem abdicar do seu papel interventivo, um papel que pode ser decisivo na concretização de projetos como este.”
Considerando a urgência e a necessidade desta obra, o MODO Arquitectos propõe uma implantação faseada da ponte: numa primeira fase, seria construída a ponte rodoviária sobre o rio Tejo, podendo não ter perfil de autoestrada, prevendo-se, numa fase posterior, a respetiva adaptação com a construção do IC9 prevendo-se localizá-la no nó de Montalvo (A23), o que irá permitir o estabelecimento das ligações rodoviárias entre a margem direita e esquerda do rio Tejo e entre a A23 (a Norte) e a EN2 (a Sul).”
O projecto – A ponte que o MODO propõe para Montalvo procura alinhar com as estruturas metálicas que encontramos nas pontas da Chamusca e de Constância, mantendo a identidade construtiva, reconhecendo que estes dois elementos são património e marca da memória visual que temos da região do Médio Tejo. A ponte de Montalvo é aqui composta por uma estrutura metálica em perfis diagonais de cantoneiras, fazendo um “T”, e elementos verticais com peças que formam um “H”. Nas extremidades há peças de maior dimensão para lhe conferir rigidez. A ideia para esta ponte assenta na conceção de um elemento que se repete, contínuo mas alternado, introduzindo um efeito de perspetiva dinâmica ao longo do percurso: 2,9 quilómetros com 12 metros de largura, permitindo uma faixa em cada sentido e associando uma ciclovia. O MODO Arquitectos pinta de amarelo ocre este “túnel” sobre o rio, trazendo para esta nova travessia, uma das tradicionais cores portuguesas, que encontramos muito presente no nosso território.