O devastador incêndio de Agosto de 2016 ainda continua na memória dos sardoalenses. Especialmente nas famílias afectadas com as chamas que destruíram grande parte da mancha verde daquele território. Sem esquecer a trágica situação que resultou no fogo que atingiu uma habitação e deixou os seus ocupantes com o trabalho de uma vida completamente perdido. Valeu, na circunstância, a solidariedade entre diversas entidades para que o imóvel já tenha sido recuperado e entregue à respectiva família. Mas o Verão está a aproximar-se a passos largos. E com ele, voltam os receios e, inevitavelmente, os incêndios. A prevenção, que deveria ser fundamental, ficou, pelos vistos – outra vez – para segundo plano. O alerta é de Miguel Borges. O presidente da Câmara de Sardoal, em entrevista à Hertz por ocasião do programa «Médio Tejo em revista» não poupa nas palavras para criticar a inércia em matéria de prevenção… E na sua memória ainda guarda, então, esse incêndio de 2016, onde um sistema de 400 milhões de euros falhou quando não podia falhar: «Hoje digo-lhe que ainda nada foi feito para alterar aquilo que tem sido uma tragédia ao longo dos anos. Há políticas que têm de ser tomadas… rigorosas, sérias, urgentes! Não podemos esquecer a prevenção, no combate e na reflorestação. E continuamos a ter um país que nada fez para prevenir situações que são uma catástrofe. Aquilo que aconteceu no incêndio de Agosto… Eu vi, eu estava lá e ninguém me contou. Posso dizer que o sistema de rádios Siresp, um investimento de 400 milhões de euros do nosso país para comunicação entre as forças que andavam no terreno, não funcionou! Custa-me ouvir certos responsáveis dizer que o último Verão correu muito bem mas a verdade é que ainda ninguém me explicou porque é que um sistema que custou 400 milhões não funcionou na altura em que mais precisámos dele. Eu vi comandantes a querer com os seus homens e a não conseguir e agarravam nos rádios e atiravam-nos para cima da mesa! O que foi alterado? Nada! Quem é que nos garante que este sistema não vai falhar a faltar? Quem é que nos garante que não vai haver um problema como aqueles que têm acontecido e os homens ficam desesperados em pleno combate aos incêndios?».