A que era a área da freguesia de Alviobeira, antes da reforma administrativa, nunca teve lar algum ou Centro de Dia. Essa mais valia foi durante anos (que bem se podia ter feito) uma promessa de um grupo que se constituiu em Associação – a AMBASSA – que não passou do maior grupo de vendedores de sonhos e ilusões que jamais se conheceu. Hoje com a agregação a Casais e unificação de freguesias passou a ter essa mais valia social sediada na Venda Nova. Mas no passado 1 de Abril, o Rancho Folclórico e Etnográfico de Alviobeira, inserido na Serração da Velha, levou ao palco um teatro burlesco em que foi bem encenado e representado, um lar privado, com os “idosos” sentadinhos nos sofás à espera de um dia de amanhã igual ao dia de hoje, com texto bem escrito, apimentado quanto baste, por vezes quase a exigir bolinha vermelha e ainda melhor encenado, e representado, por elementos do rancho que já provaram que tanto podem representar as danças e cantares, como usos e costumes., como técnicas de ibolismo com “estátuas vivas rurais” como o teatro burlesco ou peças de maior envergadura, como “pulsações” ou “intimidades”. De verdade a “Serração da Velha” consiste na encenação do julgamento e condenação á morte de uma velha. Podemos dizer que se trata de uma revista de tipo burlesco. Não seria o caso desta região, em que me lembro da última vez, certamente hà meio século de ouvir ainda pequeno, homens a gritar no Outeiro por um funil versos satíricos a uma das velhas da minha aldeia – Ceras, em que nenhuma gostava da brincadeira de mau gosto. Esta tradição com uma forte componente de critica social realizava-se durante a Quaresma, mais precisamente na quarta-feira de Cinzas e á semelhança de outras tradições do Norte de Portugal como o “Enterro do Bacalhau” e a “Queima do Judas” têm provavelmente origens comum, dizem os entendidos, assentando na mudança de estação do Inverno para a Primavera, simbolizando a luta do dia e da noite, da luz e das trevas ou a morte do Inverno. Ainda bem que o Rancho de Alviobeira pegou na tradição não a deixou morrer e aproveitou e bem em vez de ir gritar para a rua sem assistência, fazer um teatro de palco e no final dois elementos contemplarem como o “deixado da velha” tudo e todos e com muita mas muita piada. O salão encheu a gargalhada foi uma constante, na peça teatral, representando um lar em que os idosos, sob as ordens da mandona dona do mesmo, que quase que não comiam, eram sufocados alguns com sonoriferos para não chatear, e em que vinha o médico e o padre e dos utentes a velha gaiteira e amante dos prazeres sexuais, tal e qual como a “dona” do lar, e que no texto e no palco eram o sal e a pimenta dos textos e da representação, sem esquecer a “Vanessa“ artista travestida que vinha animar os idosos e “meter o pau em pé” do único homem do grupo. No final desde os elementos do rancho ao presidente da Junta, todos foram contemplados com o “deixado da velha”, e até o autor desta reportagem, bem como candidato à câmara Luis Boavida, presente na sala, que foi aproveitado o “ir a todas” o andar sempre a encher a pança em almoços e jantares ou seja os tais “comícios e bebícios”. António Freitas