O serviço de urgência é a “janela aberta” do Serviço Nacional de Saúde. Quem o define é a diretora do Serviço de Urgências do CHMT, Ana Rita Cardoso. A dirigir este Serviço desde 2014 e após convite para este cargo que lhe formulou a atual diretora clínica, implementou já medidas que, apesar de pouco visíveis, começam a dar frutos. O Departamento de Urgência da CHMT é constituído pela Urgência Médico-cirúrgica na Unidade hospitalar de Abrantes, duas Urgências Básicas, uma na Unidade hospitalar de Tomar e outra na Unidade hospitalar de Torres Novas, uma urgência Pediátrica e uma urgência Obstetra/ginecológica.
Desde que assumiu funções que Ana Rita Cardoso implementou alterações que imprimiram uma dinâmica mais facilitadora, sobretudo de comunicação entre os profissionais, mas que se refletem também no atendimento aos doentes. Começou por arrumar a casa, estudar os constrangimentos físicos e de organização para potenciar um melhor atendimento, ao contruir “uma nova dinâmica que permitisse um fluir mais assertivo do serviço”, conta Ana Rita Cardoso. O primeiro grande desafio que encontrou foi “a dificuldade de gestão de um serviço que tem três serviços distanciados entre si e onde existia uma grande dificuldade de comunicação”, afirma a diretora do Serviço de Urgência. Quando chegou ao serviço encontrou uma série de constrangimentos de organização e logísticos que quis resolver em primeiro lugar. “Havia muitos doentes no corredor interno, os enfermeiros eram poucos para as necessidades do serviço e não havia um enfermeiro distribuído ao corredor interno das instalações da Médico-cirúrgica. Os enfermeiros estavam na triagem, no SO, estavam distribuídos pelos diferentes serviços da Urgência, mas diziam-me que o corredor interno não era serviço. O atendimento inicial dos doentes estava comprometido e era difícil fazer-se essa gestão”, lembra a diretora do Serviço.
E foi por aqui que começou. “Comecei por perceber como se podiam ultrapassar estes constrangimentos e fiz uma proposta para aumentar as camas de medicina, criamos uma zona de sala aberta para os doentes não serem atendidos no dito corredor interno. Conseguiu-se mudar a tipologia e acelerar o processo de decisão do doente que entra no serviço. A passagem do internamento para a zona de urgência também nos permite rentabilizar as equipas com melhor coordenação pois estamos no mesmo espaço”. Foi necessário “aproximar as diferentes valências de um mesmo serviço, num espaço definido onde os profissionais se cruzam e interagem”, refere a diretora do Serviço de Urgências acrescentando ser este “um espaço em que a decisão rápida decide muitas vezes entre a vida e a morte. Uma decisão rápida que tem de ser certeira e que tem de se transformar em ações rápidas e também certeiras”. Este é um serviço que tem inerente uma carga de stress muito elevada mas que “é um desafio constante. Não há um estado que caracterize o dia-a-dia. Os dias são muito diferentes uns dos outros. A única semelhança é mesmo a intensidade que se vive nestas salas”, garante. Uma intensidade que exige que os profissionais muitas vezes vão para além da sua obrigação. “É gratificante fazermos a diferença na vida de alguém e, se muitas vezes esta diferença é entre o estar vivo ou não, outras não é preciso muito para melhorarmos o dia das pessoas com quem nos cruzamos. Às vezes basta a atenção que damos, a forma como falamos, a maneira como se faz, pode fazer essa diferença. O resto é nossa obrigação. Aplicar o que aprendemos para o bem de determinada pessoa é nossa obrigação, mas a maneira como se faz também pode fazer a diferença no dia dessa pessoa”.
Mudanças de organização que potenciam um melhor atendimento – “Desde que implementámos estas alterações o serviço tem fluído de modo mais eficaz. Este ano, durante o plano de contingência à gripe, o aumento do número de camas de internamento acrescentado ao número de camas do serviço de urgência permitiu-nos desenvolver o trabalho com menos constrangimentos e limitações. Tudo flui de forma mais organizada, comunica-se mais e melhor”, garante Ana Rita Cardoso. A criação do Gabinete de Informação à Família foi outra das medidas importantes implementadas nestes últimos dois anos. “Uma das maiores dificuldades era também a comunicação com a família, a criação deste Gabinete veio facilitar esse contacto. Comunicar com a família não é uma coisa fácil, pois lidamos com situações muito complicadas do ponto de vista social e emocional. Para a família o seu doente é o mais doente e comunicar com a família também faz parte do cuidar”, acrescenta a diretora do Serviço de Urgências do Centro Hospitalar do Médio Tejo.
A implementação da Consulta Aberta, durante o Plano de Contingência à Gripe, já neste ano de 2017 permitiu aliviar a sala de espera. “Temos uma afluência à urgência em que quase metade dos casos são situações não urgentes”, relata a diretora e confirma que “a Consulta Aberta permitiu que essas pessoas diminuíssem o tempo de espera”. Para breve está prevista a reabilitação do espaço do Serviço das Urgências Médico-cirúrgicas na Unidade Hospitalar de Abrantes. Uma requalificação há muito esperada, em particular pela diretora do Serviço, “o que está previsto fazer-se na reabilitação vai permitir uma ainda melhor organização e facilitar um melhor atendimento ao doente. Venham as obras”.
Ana Rita Cardoso, garante que para além dos muitos desafios do trabalho do dia-a-dia, a sua maior tarefa “é cativar as pessoas e fazê-las vestir a camisola. Estamos a fazer um esforço grande para trabalharmos em equipa, estamos empenhados em trabalhar o melhor que sabemos e isso reflete-se no atendimento que prestamos aos nossos doentes.” O Centro Hospitalar do Médio Tejo tem vindo, nos últimos dois anos e meio, a procurar melhorar as condições de funcionamento das Urgências Médico-cirúrgicas, afetando-lhe cada vez mais recursos e criando efetivas estruturas de apoio ao movimento da urgência principalmente no decurso dos planos de contingência da gripe. Contudo, estes recursos e estruturas de apoio não dispensam, de forma alguma, a requalificação da urgência médico-cirúrgica, cujos trabalhos técnicos do projeto se encontram quase concluídos. A concretização desta obra refletirá, para o atual Conselho de Administração, mais um passo no percurso que tem realizado para dotar o Centro Hospitalar do Médio Tejo das melhores condições para um cada vez melhor atendimento aos cidadãos que serve.