A Câmara de Tomar emitiu um comunicado para se pronunciar sobre o caso que envolve um cidadão, de 81 anos, que tem pernoitado debaixo das arcadas do edifício da autarquia. Nesse texto, o Município refere que o senhor «tem residência oficial em Ferreira do Zêzere (…) e já estava referenciado pela Linha de Emergência accionada pela PSP, por se encontrar na via pública, tendo sido colocado num Centro de Acolhimento em Alfeizeirão, Leiria, de onde saiu por iniciativa própria, recusando o encaminhamento para outros centros». «Terá saído da casa onde vivia maritalmente por desacordo com a companheira, sendo divergentes os depoimentos de ambos».
A Câmara de Tomar refere que a «Linha de Emergência foi de novo accionada através do Hospital após a sua admissão na urgência no dia 18 de janeiro. O alojamento temporário em residência no concelho foi a resposta imediata encontrada pelas técnicas da Rede Local de Acção Social (RLIS), onde foi acompanhado pela PSP. Na presença dos intervenientes recusou o que lhe estava a ser proposto, tendo, segundo o registo da ocorrência, voltado a pé para a cidade. Na semana seguinte registaram-se vários episódios de urgência, no Hospital de Tomar, com transferência para Abrantes, alcoolizado e, entre outros motivos, por hipotermia. Foi contactado por familiar que se disponibiliza a acompanhá-lo mas não tem condições para o receber. Na sexta-feira, dia 3, estava em quarto alugado, de onde saiu pelos problemas que levantou, embriagado, não havendo hipótese de voltar».
Quanto a ajudas, o cidadão já recebeu apoio «de vestuário da Cruz Vermelha, refeições da Misericórdia e foi pedido apoio alimentar à Cáritas e Junta de Freguesia Urbana, no âmbito da Comissão Social de Freguesia». O Município garante que tem «desde a primeira hora feito aquilo que lhe compete, ou seja, alertar as autoridades e disponibilizar apoio de urgência, nomeadamente através dos Bombeiros com alojamento de emergência no quartel, como vai acontecendo regularmente em várias situações, mas que nesta sempre foi recusado pelo cidadão (assim como várias outras ajudas disponibilizadas por diferentes instituições e particulares), não tendo naturalmente a autarquia competência para retirar alguém da rua sem a sua vontade».
Relativamente à divulgação abusiva de imagens do senhor pelas redes sociais – até mesmo de roupa interior, o que é atentatório da dignidade humana, a Câmara «lamenta a utilização e exposição abusiva e descontextualizada destas situações sociais, muito mais quando está em causa o direito à privacidade dos cidadãos e a competência das várias instituições públicas e privadas que compõem a rede social concelhia».