Todos os cenários continuam em aberto no que a explicações diz respeito em torno do desaparecimento de Martim, o menino de dois anos que, já nesta terça, foi encontrado numa mata a dois quilómetros da casa dos avós maternos, na freguesia de Urqueira, concelho de Ourém. A Polícia Judiciária tem avaliado todas as eventuais hipóteses que possam explicar a ausência do menino, nomeadamente um cenário de rapto, ainda que falhado. As autoridades estão, assim, a investigar como é que uma criança consegue caminhar dois quilómetros num terreno até inacessível para os cães-pisteiros da Guarda Nacional Republicana e nem com a chuva e as temperaturas baixas que se fizeram sentir ficou, por exemplo, em estado de hipotermia, que seria o mais normal face às condições atmosféricas e ainda à fragilidade inerente a um menino de apenas dois anos. Para além disso, causa estranheza como é que Martim – que, sozinho, deverá ter chorado bastante – nunca perdeu a sua chucha e nem mesmo um boneco que agarrava na altura em que foi encontrado pelos militares da GNR. O cenário normal – imaginando o menino num terreno às escuras, com sons característicos de uma mata – seria que Martim, em pânico, deixasse para trás estes adereços, ainda para mais quando deverá ter estado ao relento. A ausência de ferimentos leva a crer que nunca escorregou e caiu, algo também incomum para quem terá percorrido um terreno bastante acidentado, com árvores tombadas, com poças… e tudo isto de noite. Nesse sentido, a Judiciária tem investigado se alguém tentou raptar o menino e arrependeu-se horas depois, deixando-o na mata em causa, onde o seu choro seria audível mais cedo ou mais tarde.