Em 15 de Fevereiro de 2015, a desgraça batia à porta de Fernando Vicente, motorista da Rodoviária do Tejo. A sua casa de habitação, onde nasceu, nos Matos, era pasto de chamas por um curto-circuito de um aquecedor. Via em poucos minutos desfazer-se em cinzas a casa onde vive com sua esposa, dois filhos pequenos e sua mãe, numa altura em que estava há mais de um ano de baixa médica. A solidariedade não se fez esperar. A Junta da União de freguesias de Areias/Pias, através do seu presidente Hugo Azevedo encetou logo junto da Câmara de Ferreira do Zêzere a abertura da conta solidária, gerida pelo próprio e autarcas… e a solidariedade estendeu-se.
Havia que deitar a mão, ajudar e reconstruir! Porém pela boa vontade da câmara de Ferreira do Zêzere que se comprometeu a fazer projecto de recuperação, há leis e esbarros legais e a lei cega, por vezes atrofia e atrofia mais quando os técnicos vão demasiado a pormenores e exigências legais que paralisam um país e impedem o desenvolvimento e nisso nem os eleitos tem mão! Há que mudar, pois leis e regulamentos levados à risca são contraproducentes.
Assim foram meses e meses de espera e o projecto teve que ser feito extra câmara, ou seja a projectista particular. Depois a reconstrução só foi autorizada usando a volumetria antiga, desadequada e como a área coberta de casa e anexos eram percentualmente superior à área de implantação no terreno ( um absurdo dos absurdos) a casa teve que ser reconstruida e feita toda de novo, como era, e com despesas acrescidas, que agora as casa de banho tem que ter determinada área e onde se podia ter poupado uns milhares e dar melhores condições, o projecto só foi aprovado com prejuízo para quem ali vai morar. O país que temos!
Mas na hora de agradecer, o Fernando chama o jornalista e, agradece e agrade a todos. A conta solidária deu para pagar 1/5 do que vai gastar e vai gastar uns 60 mil euros em mão de obra fora os materiais e dos materiais teve a ajuda da Junta de Areais/Pias e da Junta de Ferreira do Zêzere. Com areia e cimento se reconstrói a casa e quem puder dar loiças sanitárias, mosaico, azulejos, chão ou até mobiliário é bem-vindo. O Fernando Vicente e família está receptivo e diz “só vou fazer até onde puder e basta e o telhado e as quatro paredes para não ter que continuar a viver na Lagoa em casa da Irene Santos e Fernando Mendes que me emprestaram a casa desde esse triste dia”. Assim agrade de forma incondicional a todos os amigos familiares, vizinhos, aos amigos conhecidos e anónimos.
Aos colegas de trabalho da Rodoviária do Tejo em especial aos de Tomar e Torres Novas; à Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere, desde eleitos aos técnicos e funcionários, à União de Freguesias de Areias/Pias e Junta de Ferreira do Zêzere, à paróquia de Areias e todos os que andaram a pedir de porta em porta, ao Rancho Folclórico e Etnográfico de Alviobeira, ao Engº Sérgio Melo (Telecabo) e a todos o fadistas e pessoas envolvidas na noite de fados na Quinta do Sérgio Melo e à Associação Esteves & Mãos Solidárias criada pelo José Martins Esteves de Ourém criada e que agrega um vasto grupo de pessoas, as quais acreditam que pequenas ajudas podem mudar vidas e redireccionar o destino de crianças e famílias.
A Associação tem como fim apoiar crianças, jovens, famílias e grupos em situação de exclusão social com o intuito de fomentar a inclusão social, prevenir e minimizar comportamentos e factores de risco e com grande enfoque em África. Registei a alegria dos filhos e esposa e dele próprio em ver a casa ser reconstruida, lamentando o tempo de espera, mas jamais esquecendo o que é a palavra solidariedade. Caso alguma empresa ou empresários tenho materiais que já não precise, ou pessoas que tenham algumas mobílias, portas interiores, roupeiros, etc; deixasse contacto do Fernando Vicente – 936255798. Hoje o Fernando em serviço mais moderado (sem Expressos longo Curso), já está ao serviço na empresa Rodoviária Tejo – Tomar!
António Freitas