A alimentação nas escolas do concelho de Tomar – ou melhor, a falta de qualidade dessa mesma alimentação – foi tema em análise da reunião do executivo municipal nabantino nesta segunda-feira. O assunto foi introduzido por Pedro Marques, que alertou mesmo para um crescente descontentamento de encarregados de educação e alunos, situação que, no seu entender, pode conduzir a protestos. O vereador dos Independentes abordou, ainda, o facto de todos os alimentos que sobram… terem o lixo como destino, assegurando que, se fosse director de um Agrupamento Escolar, não teria problemas de, neste caso, «não respeitar a Lei»: «O que se passa é que cada vez nos chegam mais queixas de alunos no que se refere à alimentação nas escolas. Muitos cumprem a obrigação de fazer de conta que almoçam e depois gastam o dinheiro cá fora. Por outro lado, ao que parece, onde a alimentação ainda não sofre contestação é na única escola onde há cozinha e cozinheira, tal como acontecia há muitos anos. Também por outro lado, todo o comer que sobra vai para o lixo. Se é uma questão legal não faz sentido nenhum. Dá mesmo a ideia de que esta determinação legal que há para que sejam estas empresas a fornecer não se centra na qualidade de alimentação para os nossos jovens… Dá a entender que é uma questão de negócio para as empresas. Se eu fosse director de uma dessas escolas não teria problema nenhum de, neste caso, não respeitar a Lei. Comer fora é que não ia de certeza. E, se calhar, passava todos os dias pela cozinha para saber da qualidade e se não houvesse qualidade aquela empresa ia embora, vinha outra ou então julgo que é a altura do Ministério da Educação, também nesta matéria, possibilitar que as escolas voltem ao que faziam anteriormente. Porque nem sai mais caro. As empresas tentam entrar em todo o lado a todo o custo, até mesmo nas IPSS… E quando o fizerem a qualidade de alimentação dos nossos idosos é colocada em causa. Estou à espera que, a todo o momento, haja um abaixo-assinado dos alunos em algumas escolas. Não é só a quantidade de alimentação mas também a qualidade da alimentação».
Hugo Cristóvão, vereador da Câmara Municipal de Tomar com responsabilidades na área da educação, concordou com Pedro Marques relativamente à determinação que obriga a que os alimentos que sobram sejam direccionados para o lixo, considerando mesmo esta lei como «ridícula»: «A problemática maior é nas cantinas que estão concessionadas a empresas. Isso acontece em todas as escolas de grande dimensão, ou seja, nas duas secundárias, que não são da responsabilidade do município, e em duas das três eb 2,3… efectivamente só na eb 2,3 Gualdim Pais ainda são funcionários do município que confeccionam as refeições e é óbvio que isso dá um cunho e uma qualidade diferente. Aliás, as refeições que ali são confeccionadas servem também aos alunos da eb 1 Infante D. Henrique. Algumas das questões que referiu, até aliás da minha experiência enquanto docente e anterior responsável de um agrupamento escolar, onde a questão da comida que sobra e que pudesse ser distribuída… legalmente isso é muito complicado. Quando era director de um agrupamento comecei a fazer isso e fui impedido pelo Ministério da Educação. Basta que alguém faça uma denúncia e os directores podem ter consequências. A lei é ridícula mas obriga a que não possa haver distribuição da alimentação que sobra. A capacidade de podermos intervir é limitada mas, dentro do possível, estamos a acompanhar… E estamos a tentar, no próximo ano lectivo, fazer mais algumas intervenções no sentido de acompanhar e melhorar a qualidade da alimentação».