Sandra Bragança – uma tomarense com raízes familiares na freguesia de Asseiceira – está a acompanhar de perto o clima que se vive na Bélgica, um dia depois dos atentados terroristas que resultaram na morte de dezenas de pessoas, sem esquecer os ferimentos graves sofridos por centenas de cidadãos. Estabelecida no território belga há alguns anos – onde tem a respectiva actividade profissional – Sandra Bragança está nesta altura na cidade de Bruges, que fica sensivelmente a cem quilómetros de Bruxelas. Mesmo assim é notório o clima de receio e a presença das forças de segurança faz crer que o país está em estado de sítio. E não é para menos. Convém, então, recuar a esta terça-feira, dia dos atentados… e dia em que a cidadã tomarense viajou de Portugal para a Bélgica, uma deslocação atribulada e relatada, assim, na primeira pessoa ainda que, antes disso, tivéssemos “tomado o pulso” à maneira como começou esta quarta-feira: «A principal diferença que eu vejo é a polícia… Não consigo ir a uma rua onde não veja polícia, carros da polícia. Neste momento, eles observam tudo e todos. É aquilo que eu sinto. Em relação à viagem para a Bélgica… Viajei pela TAP e estávamos já dentro do avião e já mesmo na pista para levantar voo. Mas logo depois o comandante informa que lhe tinham dado indicações de que não podia levantar voo. Isso causou estranheza nos passageiros mas num espaço de dez minutos o comandante informou que o aeroporto da Bélgica estava fechado e que havia problemas. Alguns dos passageiros ligaram os telemóveis, viram as notícias e depressa soubemos o que se estava a passar. Instalou-se o receio… A TAP arranjou, depois, um voo de substituição e o avião que viria para a Bélgica foi para o Luxemburgo. O sentimento que se vive nesta altura é de que não podemos deixar de fazer a nossa vida. As pessoas precisam de trabalhar, precisam de ir para a escola, pelo que apesar das forças policiais estarem por todo o lado nota-se que as pessoas estão a tentar realizar as normais actividades do dia-a-dia. Sinto essa maior vigilância… A polícia observa-nos, olham para aquilo que estamos a fazer. Como ando a passear, tenho a máquina fotográfica na mão… Eles olham para aquilo que eu ando a fazer mas ainda não fui abordada e tenho entrado nos locais onde quero».