A fachada do edifico dos Paços do Concelho da Chamusca está a ser pintada de rosa. A escolha da nova cor tem uma justificação histórica. A alteração deve-se às mais recentes investigações, com recurso a análises estratigráficas, investigação documental e amostras de rebocos, explica o Presidente da Câmara Municipal, Paulo Queimado, licenciado e mestre em conservação e restauro do património. “A cor rosa resulta de um aprofundado estudo e discussão entre todos os que ao longo de vários anos se debruçaram sobre esta questão. Análises estratigráficas de amostras de rebocos, investigação documental e desenhos e fotografias antigas, não deixam dúvidas: o Edifício dos Paços do Concelho, em todas as suas fachadas era cor-de-rosa, passando pela cor rosa velho, amarelo, verde e mais recentemente branco”.
Edifício de clara influência brasileira tem estas funções apenas desde o início do século XX, quando a Câmara Municipal abandonou a antiga Casa da Câmara. O edifício é um solar novecentista, com um estilo marcadamente de um revivalismo neoclássico , especialmente evidenciado frontão triangular e pela platibanda com motivos vegetalistas de ananases e palmas e pelas estatuetas de terracota, representando figuras humanas representativas das estações do ano.
Foi comprado em 1862 pelo Comendador António Marques de Carvalho, proprietário chamusquense que embarcou ainda jovem para o Brasil, onde fez fortuna. Foi várias vezes Presidente da Câmara Municipal, mandou construir o prédio para sua habitação e todas as edificações anexas para o movimento da sua casa agrícola. No entanto, a grande dimensão do edifício e os seus exagerados custos de construção com madeiras exóticas importadas do Brasil, levaram a que, anos mais tarde, o Comendador o chamasse de “a minha asneira de pedra e cal”. A sua viúva acabaria por vendê-lo à Câmara Municipal da Chamusca em 1888, tendo custado 12 contos de réis aos cofres do município. Após a realização de grandes obras de remodelação, a Câmara Municipal instalou-se finalmente no edifício a 11 de Setembro de 1904
Nas obras de requalificação do edifício decorre ainda o estudo mais aprofundado dos vários elementos que compõem os interiores do edifício, que se encontram muito degradados expondo vários vestígios de pinturas em marmoreados e elementos fitomórficos e vegetalistas. Os interiores também estão a ser alvo de uma profunda intervenção, deixando já no átrio de entrada várias “janelas” com os vestígios daquela que era a decoração original.