«Tomar é um concelho à espera de soluções mas da Câmara Municipal pouco sai». Quem o diz é o Núcleo do Bloco de Esquerda nabantino, através da respectiva coordenação, num comunicado enviado para a redacção da Hertz. No texto em causa, é sublinhando que o BE reuniu na última semana para fazer um ponto de situação sobre a campanha eleitoral para as Presidenciais mas «não pôde deixar de discutir o que define como uma perigosa inércia autárquica que vivemos no nosso concelho». Os bloquistas consideram mesmo que «já lá vão 830 dias de Câmara PS/CDU e quando está tudo por fazer a preocupação de Anabela Freitas é anunciar a recandidatura em 2017». O comunicado pede, depois, «apenas aos que receberam a confiança dos que neles votaram, que cumpram a sua função com sentido de responsabilidade e isenção, ouvindo e aceitando os que podem ajudar, sejam eles quem forem, que ponham os interesses da população, principalmente dos que mais precisam, à frente de interesses pessoais e partidários».
Eis o texto na íntegra:
«A coordenadora local do Bloco de Esquerda reuniu esta semana para fazer o ponto da situação da Campanha Eleitoral para as Presidenciais, da recém-eleita Coordenadora Distrital do partido que conta com a participação de quatro militantes de Tomar; definir a atuação do Bloco nas questões mais prementes da região, de que se destaca o apoio aos movimentos sociais ambientalistas como a Comissão Protejo, que luta contra a poluição do Tejo e seus afluentes (informe-se e assine a petição em: http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT79516), não podendo deixar de discutir o que define como uma perigosa inércia autárquica, que vivemos no nosso concelho.
Não se trata de querer dizer mal, mas já lá vão 830 dias de Câmara PS/CDU e, quando está tudo por fazer, a preocupação de Anabela Freitas é anunciar a sua próxima recandidatura em 2017. Sem esperança para a resolução dos problemas como o desemprego que não dá mostra de abrandar; o hospital sem valências mínimas para servir a população, principalmente os mais pobres e os idosos; a cidade cada vez mais suja e insegura; os que podem partem e de novo ninguém chega. Faz agora um ano que o BE alertou para a situação do Parque de Campismo e o que se constata é que esse continua moribundo e ligado à máquina que é como quem diz, ao orçamento camarário. Fala-se de novos empregos, novas rotas turísticas, novo mercado municipal, e se pelo menos este último parece que vai abrir no fim do mês, tudo o resto não passa de miragens.
Basta passar os olhos nos jornais locais para ficarmos a saber onde se gasta o dinheiro e a energia na nossa Câmara. As notícias são de reforço de técnicos ditos altamente competentes, e logo depois o seu descarte, do jogo das cadeiras de assessores e técnicos, no bate boca sobre a integridade dos que eram aliados e que agora são para abater. Enfim… estamos a assistir a um desperdício de oportunidade de fazer a diferença e também a abrir as portas à direita que nem precisará de fazer nada para ganhar novamente a Câmara se nada se alterar até 2017.
Quando apontamos responsabilidades à Câmara não podemos isentar a Assembleia Municipal que parece ter congelado com o frio, estando apática para não dizer conivente com a falta de eficácia autárquica. Talvez porque como dizia Zeca Afonso existe sempre alguém que resiste, também constatamos que há quem pegue nas coisas e faça. Ao contrário do poder autárquico, a população mostra querer mudar e, farta de esperar por soluções, avança e faz. Estamos a congratularmo-nos com a luta dos professores do ensino artístico, que fartos de esperar pelos seus salários disseram não, com o aparecimento de novos dirigentes para as centenárias Associações Culturais Gualdim Pais e Nabantina, para a decisão de iniciar em Cem Soldos um projeto de escola diferenciador, pioneiro no nosso concelho e que dará frutos no futuro próximo e também na acção cívica do Grupo de Amigos do Aqueduto, que soma e segue até à sua classificação como património Mundial e à sua salvaguarda. Tudo isto e muito mais que vemos surgir nas nossas freguesias são indícios de que a população resiste e merecia mais apoio dos seus dirigentes autárquicos.
Ninguém quer ou pede milagres à Câmara PS/CDU, não se espera que esta consiga emprego, saúde, educação e condições de habitar este concelho para todos, pedem-se acções simples e concretas que melhorem as condições de vida dos massacrados tomarenses pelos anos de incompetência e subserviência do PSD. Pede-se apenas aos que receberam a confiança dos que neles votaram, que cumpram a sua função com sentido de responsabilidade e isenção, ouvindo e aceitando os que podem ajudar, sejam eles quem forem, que ponham os interesses da população, principalmente dos que mais precisam, à frente de interesses pessoais e partidários, será isto pedir demais?». Foto de arquivo