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TOMAR – «Canto Firme» aproveita Ciclo de Natal para novo alerta face às dificuldades no ensino artístico

A Associação «Canto Firme» promoveu, na noite desta quinta-feira, mais uma iniciativa de protesto relativa ao atraso no pagamento de verbas para as Escolas do Ensino Artístico, dívidas por parte do Ministério da Educação e do POPH, referentes ao anterior e ao presente ano lectivo.

Desta forma, e no decorrer do Concerto da Orquestra de Sopros da Canto Firme/ Emsenble de Metais, integrada no Ciclo de Natal 2015, que se realizou no Auditório Lopes Graça, foram lidas duas cartas, uma em nome dos professores e outra, um abaixo-assinado, dirigidas ao Ministério da Educação, em nome dos alunos. Nádia Gomes, professora da Canto Firme, deu voz ao alerta dos docentes: «Todos estes anos foram sinónimo de um conjunto de vivências, amizades e aprendizagens conjuntas, sinónimo de incertezas mas também de conquistas. São 22 anos de felicidade que agora ponho em causa, que questiono todos os dias e, às tantas, dou por mim a perguntar se podia ter escolhido fazer outra coisa. Pior: olho à volta e aqueles que têm percurso semelhante ao meu pensam exactamente no mesmo. Será justo vivermos, durante meses, a crédito e não desistirmos um único dia? Será justo vermos colegas a deixar para trás os seus sonhos porque pode faltar o que comer aos seus filhos? Ou porque não têm dinheiro para pagar a casa e terem que a entregar ao banco? Não vamos desistir. Vamos lutar hoje e todos os dias. É isto que nos faz felizes. Aprender e ensinar».

Por sua vez, Maria João, aluna da Canto Firme, divulgou depois o teor da missiva dos alunos: «A maioria dos nossos professores reside fora do concelho de Tomar e estão numa situação de desespero pois não têm como pagar deslocações ou despesas essenciais de sobrevivência. Isto é revoltante e inaceitável! Nós, como alunos, sentimo-nos prejudicados. Nós, alunos, até ao momento, também estamos a ser directamente prejudicados porque nenhum subsídio de transporte, alojamento ou alimentação foi pago em relação a este ano lectivo. Temos noção que nos manifestamos por direitos que nos foram assegurados desde o início».

Como refere Simão Francisco, o presidente da Canto Firme Associação de Cultura, esta é uma situação que se arrasta há meses, com consequências graves para as escolas que estão em ruptura financeira: «Neste ano lectivo, não se tem recebido qualquer tipo de financiamento por parte do Ministério, bem como ainda não se recebeu o saldo final do ano lectivo transacto do POCH. Isto faz com que as escolas estejam a entrar em ruptura financeira. Há escolas que não pagam desde Maio, Abril e Setembro, pelo que a situação está muito complicada. A situação é angustiante. As direcções já não sabem como gerir a situação».