A Galeria do Parque, em Vila Nova da Barquinha, vai acolher, entre 23 de novembro de 2024 e 4 de janeiro de 2025, a exposição “O rio como testemunha”, com obras dos alunos do Centro de Estudos de Arte Contemporânea. Com curadoria de Rita Gaspar Vieira (pintura) e Alexandre de Magalhães (fotografia), esta mostra conta trabalhos de Aida Santos, Almerinda Barrocas, Ana Paula Santos, António Nogueira, Carlos Santos, Cláudia Pereira, Fátima Pinho, José Oliveira, Maria Francisca Navarro, Isabel Piçarra, Isabel Gomes, Lino Lourenço, Isabel Meliciano, Lucinda Mendes, M.ª de Lourdes Verdasca, Maria Liseta Queirós, Maria Luísa Oliveira, Maria Irene Silvério, Manuela Paixão, Natalina Catarino, Teresa Martins, Paulo Antunes e Vanda Paulino.
“O rio como testemunha é o título da exposição dos alunos do CEAC que agrega trabalhos realizados com recurso à pintura, ao desenho e à fotografia como campos de reflexão sobre o lugar identitário e de vida diária, que os acolhe, Vila Nova da Barquinha e as localidades vizinhas. Lugar e comunidade, cujo território é marcado pela presença do rio, que a eles conduz e por eles faz passar sempre renovadas correntes de ideias e emoções. O andar surgiu, neste contexto, simultaneamente como ação simbólica de exploração do território, acompanhado pelo curso do rio e como evocação da sua capacidade de transformação e de constante renovação. Como via de aproximação aos trabalhos que aqui surgem como parte de um mesmo ‘caudal’, o rio pode ser considerado uma possível ligação entre imagens e memórias diversas, suscitadas pela deriva e pela prática do andar. Esta ação deve aqui ser entendida enquanto uma prática estética e exploratória adjacente e herdeira do universo situacionista, no sentido em que o acaso e a deriva participam dos processos exploratórios do lugar que conduzem a cada realização plástica. Estas obras resultam do re-conhecimento de um território que a todos estes artistas era já próximo. O desafio foi andar e estranhar para re-inventar…, tendo presente a importância histórica da prática do andar como recurso para a exploração, o conhecimento e até o controlo do espaço e território e como estratégia criativa e artística. A importância do andar enraíza na pré-história, no âmbito das práticas associadas a uma existência nómada, no período do Paleolítico, e mais recentemente, na marcação e definição do que viraríamos a considerar como espaço público, que podemos arreigar ao ato de erguer menhires e cromeleques, já no período do neolítico. Hoje, na nossa contemporaneidade, o rio que por aqui passa, testemunha no desenho, na pintura, na livre associação de objetos e matérias encontradas, ou na fotografia, a construção de um novo lugar especulativo, simbólico e emocional de quem se propõe a vestir a pele de um ‘novo nómada’ para poder estranhar o que lhe familiar e assim, seguindo um sentido aberto e indefinido, o re-descobrir.”
Rita Gaspar Vieira
A exposição pode ser visitada de terça a sexta-feira, das 11:00 às 13:00 e das 14:30 às 19:30. Aos sábado das 15:00 às 19:00. Encerra ao domingo e segunda-feira. a entrada é gratuita