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TOMAR – Santa Casa da Misericórdia admite abdicar da construção da Unidade de Cuidados Continuados projetada para Vila Nova da Barquinha e deixa críticas ao anterior Governo

O objetivo que a Santa Casa da Misericórdia de Tomar tem em mente e que passa pela construção de uma Unidade de Cuidados Continuados… está num impasse. Esta atualização foi feita pelo Provedor António Alexandre que, em declarações à Hertz, apontou o dedo aos sucessivos Governos, desde logo ao anterior, lamentando que o Estado «tenha falhado completamente» na Rede Nacional de Cuidados Continuados. Recorde-se que está em causa uma estrutura que está projetada para a Atalaia, em Vila Nova da Barquinha, isto depois de vários meses de troca de acusações entre a Santa Casa de Tomar e a autarquia nabantina a propósito da disponibilização de um terreno para que se pudesse construir aquela Unidade, ‘pensada’ com quatro edifícios com usos distintos, desde logo os Cuidados Continuados Integrados – com capacidade para cerca de 90 utentes – para além de uma clínica com várias valências, uma clínica de hemodiálise e um bar de apoio. Só que ‘tudo isto’ está em risco de falhar: «É um processo que, se calhar, a Misericórdia terá de travar… Mas temos deixado correr o relógio na prova de que o Estado não cumpre com as suas obrigações. E quando falo do Estado estou a falar, sobretudo, do anterior Governo e dos anteriores Governos. O Estado em si falhou completamente na Rede Nacional de Cuidados Continuados, ainda que tenha criado uma expetativa de crescimento no número de camas e de atendimentos para as pessoas necessitadas. Mas não o fez. Portanto, este Governo, em funções há muito pouco tempo, tem uma batata grande para descascar, que é muito grave, já que a Rede Nacional de Cuidados Continuados não existe na quantidade necessária para as pessoas, em especial na nossa região. Há um défice de camas e uma necessidade permanente. Nós não temos camas, algo que não é culpa da Misericórdia, que fez tudo, concorreu, já gastou dinheiro em projetos, mas não teve da Câmara de Tomar nenhuma disponibilidade. A Câmara nunca se interessou por este problema. Fez tudo errado».

António Alexandre chamou, ainda, a atenção para a questão do prazos, advertindo que, nesta altura, «é quase impossível» respeitar as metas impostas pelo Plano de Recuperação e Resiliência: «O Governo anterior lançou o concurso do PRR, como toda a gente percebe fora do tempo. O PRR são fundos europeus que já deviam estar aplicados, sendo que este Governo está a tentar, em Bruxelas, conseguir o prolongamento dos prazos porque não é exequível, de modo algum, que o concurso abra no ano 2025 para estar concluído em 2026. Noventa camas não se constroem de um dia para o outro. É preciso lançar os concursos, cumprir as Leis, que haja empreiteiros a concorrer e a fazer os preços corretos, com tempo para executar a obra. Por isso, começa a ser quase impossível fazer isso. Se for como está desenhado, em que o investimento seria de 60 a 70% de verbas próprias da Misericórdia, para constituir uma rede que é nacional… Isto seria a Misericórdia a financiar o Estado, sendo que o valor pago por cada cama também é inferior aos custos. Se houver alterações, muito bem. Caso contrário está em causa a possibilidade de se construir a Unidade». Foto de arquivo, Pérsio Basso