Sob o lema “Integrar para melhor cuidar”, decorre, esta semana, na Unidade Local de Saúde da Lezíria, um conjunto de iniciativas que visam celebrar o Dia Internacional do Enfermeiro, assinalado a 12 de maio. De acordo com João Formiga, enfermeiro diretor da ULS da Lezíria, a escolha do tema surgiu num momento em que “os enfermeiros e a prática de enfermagem atravessam um período verdadeiramente desafiante na ULS, fruto da recente reorganização dos serviços de saúde”. “A integração de cuidados, os cuidados de proximidade centrados no utente, o desenvolvimento de novas competências e os ganhos em saúde e na eficiência da instituição e dos profissionais, são aspetos estruturantes no sucesso deste novo modelo e no qual estão empenhados todos os enfermeiros”, menciona o responsável. Segundo João Formiga, “a integração de cuidados visa uma oportunidade de mudança, no modelo de assistência atual, recentrando a atuação das organizações de saúde em torno de uma abordagem centrada no utente, contrariando uma abordagem de cuidados, fragmentada, reativa e focada na doença onde o contacto com o utente é predominantemente estabelecido através de múltiplos episódios no serviço de urgência. É uma missão que abraçamos e que faz todo o sentido num Serviço Nacional de Saúde (SNS) moderno e sustentável, constituindo-se igualmente como o maior desafio com que nos deparámos”. Atualmente, a ULS da Lezíria conta com um total de 848 enfermeiros, distribuídos pela unidade hospitalar e pelas diferentes unidades funcionais dos cuidados de saúde primários. Manuela Vieira e Cristina Pereira fazem parte deste grupo e dão o seu testemunho sobre o exercício da profissão. A primeira trabalha nos Cuidados de Saúde Primários há 39 anos e a segunda desenvolve a sua atividade no contexto hospitalar há 42 anos. Questionada sobre a escolha pelos CSP, Manuela Vieira, coordenadora da Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) de Santarém há 14 anos, conta que a opção aconteceu porque neste contexto de cuidados de saúde “é possível cuidar a pessoa de forma holística, integrada e personalizada, não descurando o seu contexto sociofamiliar”. Além disso, refere, “é possível ao enfermeiro desenvolver o seu trabalho num ambiente tecnológico exigente, mas também num contexto domiciliar muitas vezes carenciado, que exige o desenvolvimento de competências como a criatividade e a adaptabilidade”. “Nos CSP são desenvolvidos cuidados que dão resposta às necessidades específicas de saúde das pessoas e das famílias, permitindo o empoderamento da população através da promoção da saúde, prevenção da doença, e também o tratamento de situações agudas e crónicas, ações paliativas e apoio à reabilitação.” Para Manuela Vieira, “ser enfermeiro é possuir conhecimento científico específico, ter capacidades técnicas próprias e desenvolver uma relação terapêutica que permita estar capacitado a cuidar a pessoa ao longo do ciclo vital”. Na sua opinião, as principais características que um enfermeiro deve ter, nomeadamente “ser compassivo, manter o conhecimento científico atualizado, ter espírito de equipa, ser empático e, sobretudo, ser agente transformador capaz de cuidar a pessoa, respeitando a sua individualidade”. Cristina Pereira é enfermeira gestora da Urgência Pediátrica na unidade Hospitalar da ULS da Lezíria. “A escolha da Pediatria é a ‘chave de ouro’ no meu percurso profissional. “Com a especialidade de Saúde Materna e Obstetrícia, muitos foram os que ajudei a nascer e que hoje são os pais das crianças/adolescentes que recebo na Pediatria/Urgência. É o acompanhar desde o 1.º dia de vida e nas diferentes etapas do seu desenvolvimento, sendo sem dúvida, um desafio diário dada a diversidade de cuidados nas diferentes áreas e aqui cuidamos da família no seu todo”, aponta. Para Cristina Pereira, “ser enfermeiro é agir em consciência e em harmonia com o saber científico e a sensibilidade nos cuidados de enfermagem, isto é, implica cuidar do outro como um todo e não por partes”. Relativamente às características do enfermeiro, destaca, sobretudo “a responsabilidade, a empatia, o espírito de aprendizagem, a flexibilidade, a resiliência, a boa capacidade de trabalho em equipa e de resposta em tempo e conhecimento, a criatividade, a assertividade e a segurança e brio profissional na forma de estar e de agir”. Além disso, Cristina Pereira considera que, entre outras características, “em Pediatria o enfermeiro deverá também ter a capacidade de se adaptar em contexto de trabalho sob stress com a criança/adolescente e família sempre presentes, ter uma boa comunicação tendo em conta as diferentes etapas de desenvolvimento da criança/adolescente”. Quer Manuela Vieira, quer Cristina Pereira consideram que, gradualmente, a população tem vindo a reconhecer o papel do enfermeiro na continuidade dos cuidados nos últimos anos.