No dia 21 de março, a Diocese de Santarém e a Paróquia de Tomar, organizaram na Igreja de São João Batista, uma importante sessão de apresentação do Relatório de 2023 sobre a Liberdade Religiosa (LR) no mundo, na qual participaram os dirigentes da Fundação AIS (Apoio à Igreja que Sofre).
Importa salientar que a Fundação AIS é uma instituição internacional que presta apoio a milhares de projetos pastorais em quase 150 países, ajudando todos os cristãos perseguidos, ameaçados ou necessitados, em consequência de guerras, conflitos, alterações climáticas, calamidades naturais, convulsões políticas, económicas, sociais e culturais.
Neste contexto, os líderes da Fundação AIS sublinharam que os cidadãos europeus e nacionais são, muitas vezes, alheios às violações da LR por razões de instabilidade, desconhecimento, indiferença ou silêncio cúmplice, “esquecendo” que há 5000 milhões de religiosos que vivem com perseguições graves, e em quase 32% dos países ocorrem estes dramas humanos.
Ora, segundo o Relatório da AIS, desde 2021 que a intolerância à LR acontece em 34 países com locais de culto ou propriedades religiosas atacadas ou danificadas, em 36 países os agressores raramente foram punidos pelos sistemas judiciais, e em 40 países as pessoas foram mortas, perseguidas ou raptadas por expressarem a sua fé religiosa.
Neste quadro, os principais fatores responsáveis pela limitação da LR e pelas várias formas de agressão sobre as minorias religiosas, são: os nacionalismos étnico-religiosos que atingem cerca de 1,5 mil milhões de pessoas; o extremismo islâmico que afeta mais de 1,1 mil milhões de crentes; e os governos autoritários que oprimem cerca de 4,5 mil milhões de cidadãos.
Por isso, para minorar este drama humano, o Papa Francisco e outros líderes da igreja mundial têm aumentado as iniciativas de diálogo inter-religioso e, inclusivamente, no seio do G20 (países com melhores níveis económicos e educativos) criaram um grupo permanente sobre a religião, integrando as comunidades religiosas mais importantes.
Em síntese, apesar da maioria dos países europeus terem LR, onde se inclui Portugal, há limitações (expressas ou implícitas) ao exercício da religião, às quais os cidadãos não devem “fechar os olhos”, nem adotarem um “silencio cúmplice”, por mais justificações que arranjem: crise inflacionista, desigualdades sociais, pressões políticas, tensões migratórias, preconceitos religiosos, níveis educativos, entre outras.
–José Rogério-