O Município da Sertã comemorou o Dia Mundial da Oliveira no passado dia 26 de novembro no Lagar do Fundão na freguesia do Troviscal. Com a parceria da APROSER – Associação de Produtores do Concelho da Sertã e integrada no projeto europeu OLIVE4ALL, a iniciativa teve como objetivo realçar a importância do azeite na sociedade e na alimentação, assim como sensibilizar a população para o processo de extração de azeite e das diferentes características que podem ser encontradas no tão desejado Ouro Líquido. Carlos Miranda, presidente da Câmara Municipal da Sertã, lembrou a importância do património olivícola do concelho: “a Sertã tem no olival a exploração agrícola com maior predominância” e acrescentou que “a oliveira é um símbolo icónico na cultura mediterrânica tanto do ponto de vista económico, como cultural e até religioso”. A iniciativa contou com a presença de Fátima Peres, docente da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco e, com uma vasta experiência na área da olivicultura, nos processos de extração de azeite e análise sensorial, e também com Cecília Gouveia, Técnica Superior no Laboratório de Química, Bioquímica e Análise Sensorial da mesma instituição, onde se realizam as diferentes análises químicas e sensoriais ao azeite. Fátima Peres realizou a interpretação fenológica da oliveira, no decorrer da visita ao olival, onde foram focados temas como as diferentes variedades de azeitona, os tempos de colheita, tipos de maturação ou problemas fitossanitários, ocasião em que os participantes tiveram a oportunidade de colocar as suas dúvidas sobre os temas e partilhar conhecimentos. Já no lagar, seguiu-se uma demonstração e explicação do processo de extração de azeite com prova sensorial, cega, de quatro azeites sendo três deles produzidos no concelho da Sertã: Aldeia Cimeira, Casa Santinha e Zangaria. Carlos Antunes da APROSER referiu que o objetivo “não é classificar ou avaliar os azeites da região de forma qualitativa, mas sim reforçar competências com uma abordagem técnica a uma prova sensorial”. Esta prova, conduzida por Cecília Gouveia, permitiu identificar algumas características sensoriais nos azeites apresentados e mostrar que existem diferentes azeites para gostos diferentes. “O facto de existirem azeites locais tão distintos”, salientou Carlos Miranda, “constitui uma mais valia para o concelho, pois essa especificidade permite-nos ter o azeite certo para casar com um determinado prato ou forma de confeção”. A prova sensorial foi o mote para o enquadramento do uso do azeite na gastronomia local: no lagar foram servidos alguns bons exemplos da harmonização do azeite com pratos tradicionais. Recorde-se que esta iniciativa integrou a rede nacional de eventos no âmbito do projeto “OLIVE4ALL – Património da Oliveira para o Desenvolvimento Sustentável: Sensibilização da Comunidade para o Património Vivo”, projeto europeu que reúne instituições de ensino superior de Portugal, França e Grécia com o objetivo de estudar o património da cultura da oliveira.