Teve lugar no passado dia 3 de novembro uma reunião intitulada “Novos Horizontes em Cancro do Pulmão de Não Pequenas Células em Estádio Precoce”, organizada pela Unidade de Pneumologia Oncológica (UPO) do Serviço de Pneumologia do Hospital Distrital de Santarém (HDS). O objetivo foi a partilha dos mais recentes avanços na terapia sistémica perioperatória de doentes com cancro do pulmão em estádio precoce. A abertura da reunião contou com as intervenções de Maria Filomena Roque, diretora clínica do HDS, que fez uma breve contextualização sobre o panorama do cancro do pulmão a nível mundial; de Gustavo Reis, diretor do Serviço de Pneumologia, que lembrou a excelência dos cuidados prestados no âmbito da oncologia pneumológica no HDS, constituindo uma das áreas de maior diferenciação do Serviço que dirige; e de Cláudia Lares dos Santos, coordenadora da UPO do HDS, que falou sobre o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido. De acordo com Cláudia Lares dos Santos, o cancro do pulmão continua a ser o tumor mais letal a nível mundial. “Em mais de metade dos casos é diagnosticado em fases avançadas, com metastização presente, o que se associa a piores resultados e a maiores custos. Apesar das últimas duas décadas terem sido prodigiosas no que respeita ao surgimento de novos tratamentos para estádios avançados, como por exemplo terapias dirigidas a alvos moleculares ou inibidores de checkpoints imunitários, as sobrevivências continuam a ficar muito aquém do desejado”, afirma. Já quando o cancro do pulmão é diagnosticado em fase precoce e não existem gânglios linfáticos mediastínicos envolvidos nem metastização associada, as perspetivas de sobrevivência são “substancialmente mais animadoras”, com mais de 90% dos doentes vivos cinco anos depois do diagnóstico. “Espera-se que nos próximos anos Portugal consiga organizar-se por forma a iniciar a implementação de um rastreio de cancro do pulmão, à semelhança do que já sucede em outros países, como a Croácia, a Polónia ou a República Checa”, menciona a médica pneumologista. Segundo refere, a “realização de uma TAC de tórax anual, com baixa dose de radiação, a indivíduos de risco, mostrou em vários ensaios clínicos associar-se a redução da mortalidade, devido ao aumento brutal do número de casos diagnosticados em fase precoce e por isso candidatos a cirurgia, que é a modalidade terapêutica que apresenta a melhor probabilidade de cura”. “De acordo com o que os estudos mais recentes nos têm demonstrado, a utilização de terapias multimodais, em que associamos quimioterapia, inibidores de checkpoints imunitários e terapias dirigidas a alvos moleculares, em diferentes combinações e em contexto de neoadjuvância e/ou adjuvância, parecem melhorar significativamente os resultados em doentes que são submetidos a cirurgia com intuito curativo”, conclui Cláudia Lares dos Santos.
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