Início LOCAL TOMAR – Vale Florido, a “universidade” onde Carlos Ventura, mestre na arte...

TOMAR – Vale Florido, a “universidade” onde Carlos Ventura, mestre na arte de treinar, ensina cães

Quem passa na estrada que vai de Marmelais a Valbom e antes da destilaria, muito próximo da Associação de Vale Florido, vê um vasto campo que mais parece um “parque de campismo”. É aí na Sede da “ordem Canina” que encontramos Carlos Ventura, 47 anos, um apaixonado por cães e pela arte de os treinar e que abriu esta escola com todos os graus de ensino: uma escola onde aos fins de semana, das 10H00 às 13H00, recebe muitos amigos donos dos cães e os ajuda, com algumas técnicas para treinar os seus animais de estimação tornando-os mais obedientes, de um modo totalmente voluntário e gratuito, contribuindo para uma melhor qualidade de vida na relação dono-animal. “Quero que as pessoas percebam que têm o melhor amigo ao lado delas, quero que as pessoas venham até junto de mim aprender, pois os treinos é sempre com o dono presente. Não faço mais que fazer o cão a pensar, pois são animais com demasiada inteligência e como todos os animais racionais ou irracionais tem que ser ensinados”, refere. Carlos Ventura, tomarense, sempre teve essa paixão, desde os seus 17 anos. Sempre foi muito curioso e teve a perceção de que “muitas vezes não conseguimos comunicar com os outros porque temos demasiados assuntos dentro de nós. A sociedade dá-nos muitas regras que nos mantém afastados da nossa essência”. Nos paraquedistas que serviu – estava no grupo cinotécnico – foi tirando os seus cursos, alguns lá fora e a vida profissional segue-a na PSP que, para além da atividade que desenvolve profissionalmente na Polícia de Operações Especiais, e nos seus tempos livres quer dar o seu contributo, ajudando quem tem cães, de qualquer raça, a ter um verdadeiro companheiro ao lado, seja no carinho, na companhia, na defesa dos seus donos, pessoas e bens “não sou melhor que os outros, eu apenas sei comunicar melhor com os animais. E isto aprende-se”. São muitos anos a “virar frangos”, ou seja, a ensinar cães, quer em Belas, seja no seu campo de Vale Florido, conta-nos. Recorda-nos que perder um cão que se ensinou e com quem se vive no dia a dia é como perder um filho e recorda o cão que lhe salvou a vida, numa missão no Iraque, animal que foi abatido por um sniper das forças dominantes. A sua função em Vale Florido é de voluntário… nos tempos que correm onde voluntariado deste é inédito. E são os donos dos cães que nos pedem que seja feita esta reportagem como forma de agradecimento aos bons serviços que o Carlos lhes tem prestado. Dá gosto ver alguns cães de elevado porte a fazer o que ordena, a receber do seu dono o “prémio”, que é um biscoito, que lhe é dado quando cumprem bem a ordem. “Todos os que temos ou venhamos a ter cães, a partir dos dois meses, devia ser uma regra obrigatória, de levar os cães a um centro de treinos, pois o cão não nasce ensinado, e é preciso reeducá-lo. Ensinado passa a ser o melhor amigo do homem”. António Freitas