As empresas que apoiam atividades num determinado domínio (ambiental, social, desportivo, educacional ou cultural, entre outros) podem inscrever estes donativos como custos em termos de IRC. No entanto, mais do que os benefícios fiscais, João Neves, professor adjunto da Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, salientou as restantes mais valias indiretas deste tipo de apoio: “Diria que para quem apoia há um ganho de imagem institucional através de múltiplos públicos, gerando visibilidade através de eventos e do apoio a determinados artistas ou organizações e associações culturais. Há obviamente um agregar de valor à marca e ao negócio”. Durante o primeiro painel do Fórum Empresarial, dedicado ao tema do “mecenato cultural e ao papel das empresas”, destacou ainda como benefícios não fiscais o reforço da vertente social da empresa e ainda a ação transformadora que permite a criação de vínculos que vão muito além do negócio. Ainda que o mecenato seja um conceito associado ao apoio de grandes empresas a determinadas instituições culturais ou a eventos, “todas as empresas podem apoiar instituições que contribuam para a cultura independentemente da sua dimensão”. Olhando para o mapa de Portugal e para as suas disparidades de desenvolvimento, João Neves frisou a potencialidade das indústrias culturais e criativas de fixarem pessoas na zona interior do país, beneficiando todo o território. “Apesar de alguns de vocês gerirem empresas onde têm outras preocupações – estão preocupados se têm ou não têm clientes, se conseguem ou não vender naquele local, com os funcionários que têm de captar e não conseguem, com a contabilidade -, quanto mais estarem agora preocupados com artistas e apoio. Mas se pensarmos nisto enquanto indústria, acho que existe um potencial enorme de poder captar e de poder atrair jovens e menos jovens que tenham essa capacidade de inovação e que possam trazer valor para as vossas empresas e organizações a encontrar novas formas de potenciar e desenvolver novos produtos, novos serviços e, sobretudo, trazer esta lufada de ar fresco”, concluiu. Por sua vez, Catarina Alves, adjunta do Gabinete de Apoio à Presidência da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, focou a “importância da arte na educação desde a primeira idade” como um dos pilares fundamentais para a criação de públicos com sensibilidade para olhar a arte, considerando a sua capacidade para promover a observação, o pensamento crítico, a criatividade, a resiliência e a transformação. “Quando o Município está a disponibilizar exposições e eventos culturais – teatro, cinema, entre outros -, está a dar à sua comunidade a possibilidade de ter esta experiência e a apurar os sentidos”, adiantou na sua intervenção. Autora dos monumentos de homenagem aos combatentes na Guerra do Ultramar e da I Guerra Mundial, que podem ser vistos no Parque Nossa Senhora das Neves, Catarina Alves falou do Ano Municipal das Artes, que se promove em 2023, e dos objetivos gerais de “promover todas as artes e artistas, de valorizar o território através da preservação, comunicação e interpretação culturais, de elevar a autoestima de pessoas e dos seus locais de vivência, de tornar o concelho mais atrativo para quem nos visita e de estimular a capacidade de criar e fazer acontecer”. Há já várias décadas que o Município investe na promoção da arte e cultura no território: Catarina Alves enumerou o protocolo com a Universidade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e outros projetos, como o Cortiçada Art Fest, o Fôlego e o Esporo, que permitiram desenvolver trabalho com a comunidade, envolvendo, sempre que possível, algumas empresas do concelho com equipamento e conhecimento específico. O Roteiro das Artes é uma consequência desta aposta, estando o Município disponível para colaborar com qualquer empresa que pretenda tornar-se mecenas cultural.