O Município de Proença-a-Nova e o Instituto de Educação de Lisboa assinaram, a 30 de novembro de 2016, um protocolo para o desenvolvimento do projeto “Memórias Resgatadas: Percursos de Escolarização, Identidades e Dinâmicas Educativas Locais” com o objetivo de realizar trabalhos académicos sobre o Ensino no concelho de Proença-a-Nova, com base em testemunhos recolhidos junto da comunidade. Mais de seis anos depois, e com organização de Ana Isabel Madeira, Helena Cabeleira e Justino Magalhães, é publicado o livro “Memórias Resgatadas, Identidade (Re)Construídas – Experiências de Escolarização, Património e Dinâmicas Educativas Locais” que teve como ponto de partida a falta de investigação sobre a Escola em contexto rural, envolvendo o Pinhal Interior Sul (concelhos de Proença-a-Nova, Vila de Rei, Sertã, Oleiros e Mação), alargando e muito o âmbito inicial do projeto. Estruturado em três capítulos – “História e memória da educação em meio rural”, “Património e lugares de cultura na região do Pinhal Interior Sul” e “Educação e comunidades educativas em territórios de baixa densidade” -, o livro é o resultado de um intenso trabalho de campo nos cinco municípios com entrevistas presenciais a antigos/as alunos/as, professores/as e outros/as intervenientes que teve vários contratempos, nomeadamente os incêndios florestais e as suas consequências para a população, bem como o início da pandemia. “Contámos com a voz dos mais velhos para exprimir a sua narrativa articulada à nossa problemática e aos objetivos últimos do projeto. Esta narrativa é a matéria-prima da nossa investigação”, referem os/as investigadores/as.
Nesse sentido, na perspetiva do projeto, há toda uma nova dimensão que se abriu com este trabalho. “Ao colocar os mais velhos no centro da nossa investigação, estamos a ir além da recolha de testemunhos orais de uma forma ‘passiva’. Estamos, ao invés, a promover o papel dos seniores como agentes e autores da sua própria história e memória, e como parceiros ativos e co-laboradores no desenvolvimento do projeto. Estamos a introduzir mudanças ao nível da estereotipia dos mais velhos, a combater o mito e a imagem do idoso como um peso ou um fardo social, estamos a divulgar relatos de homens e mulheres que contribuíram para o Portugal de hoje, com as suas preocupações e análises”. No âmbito da realização do Seminário Internacional Apheleia 2023, que decorreu Auditório do Centro Cultura Elvino Pereira, em Mação, foi feita a apresentação das conclusões do projeto MRIR, que contribuiu para o exercício de uma cidadania ativa e para a construção de processos de aprendizagem ao longo da vida, apoiado na exploração da memória e do património histórico local relacionados com a educação, o ensino e a escola nas regiões do interior, como ajuda no combate ao êxodo rural. O vice-presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, João Manso, foi outro dos intervenientes do painel.
Início CULTURA PROENÇA-A-NOVA – Investigação sobre experiências de escolarização já está disponível em livro