A Comissão Política Concelhia do Partido Social-Democrata de Torres Novas apela «ao bom senso do vereador Luís Silva, convidando-o a demitir-se do seu cargo, de modo a libertar a liderança política autárquica torrejana do ónus que sobre ela recai». Em comunicado enviado para a redação da Hertz, o PSD torrejano reage, desta forma, às investigações de corrupção que estão a atingir a Câmara Municipal, onde dois funcionários – uma arquiteta e um fiscal de obras – estão a responder por corrupção ativa e passiva e ainda por recebimento indevido de vantagem. Os dois estão mesmo suspensos de funções. Perante este cenário, o PSD aponta, então, baterias ao vereador Luís Silva, recordando que lhe cabe «gerir politicamente, há quase uma década, o pelouro do Urbanismo, nomeadamente o bom desempenho dos serviços, bem como a validação política dos dirigentes e chefias dos referidos serviços». O mesmo texto acrescenta que o vereador Luís Silva «teve tempo, em quase uma década, de detectar problemas e constrangimentos funcionais dos serviços de urbanismo da CMTN e de tomar medidas no sentido de eliminar todos os riscos que pudessem contribuir para situações e procedimentos à margem da lei e dos regulamentos, praticados por funcionários ou dirigentes dos serviços de urbanismo». Os sociais-democratas referem que «a realidade se encarregou de demonstrar a total falta de empenho ou de competência da gestão política do pelouro do urbanismo, dando origem a uma imagem excecionalmente negativa dos cidadãos torrejanos e a um sentimento de impotência perante uma máquina administrativa e burocrática que arrasta até à exaustão o andamento da generalidade dos processos, não obstando a que, alguns deles, conheçam resoluções surpreendentemente rápidas». O comunicado diz mesmo que «a perceção de alegadas práticas de corrupção, por parte da comunidade torrejana, nos serviços de urbanismo da CMTN é, há muito, demasiado forte. Em todo o lado, em todos os contextos, se fala abertamente de histórias envolvendo determinadas pessoas dos serviços de urbanismo, sendo difícil de acreditar que só o vereador do urbanismo nunca tenha ouvido falar de nada disso». «O vereador do urbanismo, sendo responsável político por ter deixado alimentar a máquina pesada que é o sector do urbanismo camarário, é igualmente responsável pelo sistema que se foi impondo nos referidos serviços, em que alguns acabavam, como tudo indica ter acontecido pelos factos já conhecidos, por beneficiar, à margem da lei e para proveito próprio, da inércia e da demora excessiva dos procedimentos administrativos, suscitando a eventual aceitação dos cidadãos em colaborar em práticas de corrupção para conseguirem ver andar os seus processos. Não deixa de ser irónico que o vereador do urbanismo tenha feito passar a ideia, quando confrontado com esta situação, que as “culpas” seriam sempre de terceiros e nunca dos serviços e da sua responsabilidade direta sobre os mesmos. Refira-se exemplo dado na reunião promovida com técnicos externos que submetem projetos nos serviços de urbanismo. O vereador do urbanismo não pode dizer que nada sabia, e que as práticas alegadamente criminosas e corruptas são um problema dos funcionários. Cabem-lhe, politicamente, responsabilidades diretas por tudo o que já se sabe e ainda poderá vir a saber-se. O vereador Luís Silva, responsável pelo sector do urbanismo há quase uma década, não tem condições políticas para continuar a desempenhar o cargo. Mantendo-se como vereador do urbanismo, prolonga uma situação de total falta de confiança dos cidadãos e da comunidade nos seus representantes políticos e na competência e boa-fé dos serviços em causa. Realçar ainda o facto, de na passada semana em plena crise do departamento do urbanismo o Sr. Vice-Presidente ter demonstrado um total despudor ao participar num programa recreativo emitido pela RTP, dando uma imagem de total inconsciência sobre a gravidade dos factos que pendem sobre o seu pelouro, colocando o seu ego e a sua vontade de protagonismos acima do interesse público do desempenho das suas funções».