A 8 de março, o Município da Sertã celebrou o Dia Internacional da Mulher numa cerimónia que teve lugar no Salão da Assembleia Municipal. Cristina Nunes, Vereadora da Câmara Municipal da Sertã, abriu a sessão lendo o poema “O mar dos meus olhos”, de Sophia de Mello Breyner Andresen. A autarca prosseguiu referindo que “precisamos de assinalar todos os anos o Dia Internacional da Mulher, pelo que realmente simboliza: a luta das mulheres por melhores condições laborais e celebrar os direitos que as mulheres conquistaram até ao dia de hoje, relembrando o caminho para a igualdade entre homens e mulheres”, nunca esquecendo “que a igualdade e não discriminação também deve existir nas nossas atitudes para com os homens”. Cristina Nunes recordou que “em algumas profissões, predominantemente desempenhadas por mulheres, a própria sociedade e as próprias mulheres, acabam por desrespeitar esses profissionais que também cumprem as mesmas funções”, referindo-se a enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, educadores de infância, entre outras profissões. ”Ainda há um longo caminho a percorrer o qual indiscutivelmente deve ser feito lado a lado: na partilha de tarefas, na educação dos filhos, na conciliação da vida profissional com a vida familiar”, sublinhou a autarca. Dirigindo-se às Homenageadas, as Educadoras de Infância do concelho, Cristina Nunes teceu palavras de profundo agradecimento “por contribuírem todos os dias na educação das futuras gerações, por serem parte desta mudança de mentalidades, com pequenos gestos, com pequenas atividades e com muita paciência.” Cristina Nunes terminou o seu discurso com um texto de Fábio Gonçalves, educador de Infância, sobre o que é ser Educador de Infância, prestando homenagem a quem desempenha tão nobre profissão e relembrando que “independentemente da natureza das nossas profissões, devemos, todos juntos, homens e mulheres, diariamente promover uma sociedade mais igualitária e sem limitações impostas por estereótipos, preconceitos e conceções rígidas dos papéis sociais atribuídos a homens e a mulheres.”. Dália Costa, Coordenadora do Centro Interdisciplinar de Estudos de Género e Docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, integra a Equipa para a Igualdade na vida local e frisou a importância de se assinalar a efeméride, que simboliza a “entrada das mulheres no mundo dos homens”, sublinhando que ainda existem desigualdades de género nas diversas dimensões da sociedade: profissional, pessoal, familiar, cívica e política. À sessão de abertura, seguiu-se a conversa sobre “homens no mundo das mulheres”, em que foram abordadas algumas curiosidades e desafios com que os homens se deparam em profissões maioritariamente desempenhadas por mulheres. Moderada pelo jornalista Rui Farinha Lopes, a conversa contou com as participações de Dália Costa, Tino Fernandes, Nuno Maia e José Lima. Tino Fernandes, professor do ensino básico, falou da sua infância e que a sua tia foi uma das razões que o levou a seguir aquela profissão, porque lhe passou os valores da igualdade de género e da igualdade de oportunidades. Referiu que nunca sentiu qualquer descriminação na profissão nem nunca se sentiu diminuído. Por outro lado, sempre se sentiu “muito acarinhado e até protegido em excesso pelas minhas colegas”. Nuno Maia, Assistente Social e Diretor do Centro Distrital de Segurança Social de Castelo Branco, referiu que desde os tempos da faculdade tem estado sempre em “minoria”, sendo a profissão desempenhada maioritariamente por mulheres. Referiu que, no Instituto a nível nacional e até distrital, a distribuição é de 80% de mulheres e 20% de homens, mas nunca sentiu qualquer preconceito e referiu que a tomada de decisões foi sempre partilhada com as mulheres. José Lima, Educador de Infância, referiu ter “muito orgulho e muito gosto em trabalhar num mundo maioritariamente de senhoras, senti-me sempre muito bem integrado”. “Desde o tempo de estudos sempre me senti um privilegiado, uma protecção muito grande”. Rui Farinha Lopes focou a evolução sentida desde o 25 de abril e lançou para o debate o facto de nos anos mais recentes se verificar um retrocesso. Dália Costa referiu que quando se alcançou a democracia, a humanidade pensou que estava alcançada a igualdade e conquistada grande parte dos direitos. No entanto esses direitos não foram cuidados porque se “jugavam que estavam devidamente assentes, mas não estão”. “Temos que acelerar um pouco o passo e cuidar destes direitos como quem rega uma planta”. Dália Costa aludiu ainda a um regresso ao conservadorismo registado desde 2010 a 2020. Relativamente ao facto de a maior parte dos cargos de chefia ser desempenhado por homens, Dália Costa referiu que “há uma reprodução do que acontece há milhares de anos: o afastamento da casa pelo sexo masculino, seja por efeitos de guerras, etc, e a esfera privada ficar entregue às mulheres”, acabando por reflectir-se na “esfera pública, na praça pública, na polis (…) em que a tomada de decisão que vai influenciar a vida de todas as pessoas é muito mais masculinizada, e isto mantém-se ao longo dos anos”. O moderador trouxe para o debate a questão da paridade na política, sobre a qual Dália Costa referiu que “seria um mecanismo transitório, só que a mudança leva muito tempo a registar-se, não se radica e a realidade mostra que tem que continuar a ter-se cotas.” Após a conversa, seguiu-se a homenagem às Educadoras de Infância do concelho da Sertã, pelo papel fundamental que desempenham na primeira etapa da educação das crianças, crucial na construção da sua identidade, estrutura física, sócioafetiva e intelectual. Foram homenageadas as Educadoras de Infância do Agrupamento de Escolas da Sertã, Centro Social São Nuno de Santa Maria (de Cernache do Bonjardim) e Creche “O Pinheirinho” da Santa Casa da Misericórdia da Sertã. As lembranças foram entregues por Carlos Miranda, Presidente da Camara Municipal da Sertã, Rui Antunes (Vice-Presidente), Cristina Nunes (Vereadora) e António Xavier (Vereador).
Educadoras de Infância homenageadas:
Lídia de Sousa, Rita Sequeira Vilela, Maria Dulce Santos, Maria Noémia Dias, Dora Almeida, Maria Fátima Alves, Fernanda Silva, Marlene Paiva, Carla Rolão, Paula Aguiar, Maria Céu Rato, Ana Luísa Soares, Isabel Alcobia, Fernanda Silva, Margarida Ascensão, Ana Isabel Carvalho, Ana Rita Ramos, Ana Sofia Miranda, Neuza Costa, Rita Garcia, Teresa Rodrigues, Maria Teresa Matias, Sónia Santos, Francelina Trindade, Cláudia Alves, Carla Ribeiro, Carla Dias, Sónia Ingrês, Alexandra Marques