O médico e candidato a Bastonário da Ordem dos Médicos, Rui Nunes, considera no mínimo estranho que o diretor do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) tenha sido demitido por, de acordo com a administração do CHMT, “não conseguir contratar mais cardiologistas para a urgência médico-cirúrgica do hospital”. “É estranho que se impute a um diretor de serviço uma responsabilidade que está na estrita dependência do Conselho de Administração”, frisa Rui Nunes. De acordo com o também professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, “os motivos apresentados pela administração do CHMT são incompreensíveis, até porque estamos a falar de um médico que contribuiu, e muito, para um aumento de produção do seu serviço, não só em termos tecnológicos, mas também ao nível da implantação de dispositivos médicos e de consultas”. Mais estranho ainda, salienta Rui Nunes, “é que esta decisão seja tomada com a oposição da diretora clínica, a responsável pelas decisões médicas do centro hospitalar”. O médico David Durão, recorda o candidato a bastonário, foi colocado como diretor de serviço através de um concurso público, que abrangeu a realização de um projeto de gestão para o serviço de Cardiologia e que foi avalizado por este Conselho de Administração. “A dificuldade na contratação de prestadores externos para a urgência do CHMT não pode, de modo algum, ser imputado ao diretor de serviço, dado que esta é, desde logo, uma responsabilidade a cargo do conselho de administração”. Rui Nunes lamenta toda esta situação e apela à intervenção do Ministro da Saúde, para “pôr cobro a uma situação que nos parece de todo invulgar”. Em última análise, explica o candidato a bastonário da Ordem dos Médicos, “a responsabilidade final é do ministro da Saúde, a quem cabe nomear e destituir os conselhos de administração de cada unidade hospitalar e zelar pelo normal funcionamento das instituições”. Não obstante, Rui Nunes já manifestou total solidariedade ao médico David Durão, que está a ser alvo de uma situação que considera “inaudita, sobretudo, depois de todo o trabalho que fez no sentido de valorizar o serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar do Médio Tejo”. “Infelizmente, são este tipo de situações que contribuem para gerar maior desânimo entre os médicos e, em muitos casos, conduzem ao seu abandono do Serviço Nacional de Saúde”, acrescenta o médico e candidato a bastonário da Ordem dos Médicos.