Assinala-se hoje, dia 10 de maio, o 𝐃𝐢𝐚 𝐌𝐮𝐧𝐝𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐨 𝐋𝐮́𝐩𝐮𝐬, uma doença autoimune, crónica, não contagiosa, onde o sistema imunológico ataca o próprio organismo. «Estima-se que em Portugal sejam cerca de três mil os doentes com Lúpus e no Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar do Médio Tejo são seguidos 30 doentes com esta patologia», refere a citada estrutura, em nota de esclarecimento publicada na rede social ‘Facebook’, texto que se centra, ainda, numa conversa com Fátima Pimenta, médica e Diretora do Serviço de Medicina Interna do CHMT.
𝐎 𝐪𝐮𝐞 𝐞́ 𝐨 𝐋𝐮́𝐩𝐮𝐬 𝐞 𝐪𝐮𝐚𝐢𝐬 𝐬𝐚̃𝐨 𝐨𝐬 𝐬𝐢𝐧𝐭𝐨𝐦𝐚𝐬?
O Lúpus é uma doença autoimune em que o próprio organismo forma anticorpos contra as suas células, o que significa que o nosso sistema de defesa imunitário ataca os próprios tecidos, órgãos e células saudáveis do organismo. Atinge em 90% dos casos mulheres, sendo mais frequente entre os 20 e os 50 anos. Pode manifestar-se noutras faixas etárias, mas é muitíssimo mais raro. É uma doença muito complexa que atinge vários órgãos e sistemas e que na maioria dos casos é tratada pela medicina interna. A doença tem dois tipos de evolução: o sistémico em que vários órgãos são atingidos, especialmente articulações, pele, olhos, rins, cérebro, coração e pulmões. O Lúpus discoide, que atinge somente a pele e que se manifesta pela vermelhidão em volta do nariz e nas regiões malares. É frequente o aparecimento de dores articulares, sobretudo a nível das mãos, punhos, cotovelos e joelhos. É um tipo de artrite, com inflamação articular que não provoca deformações, ao contrário da Artrite Reumatoide.
Como se diagnostica o Lúpus?
O diagnóstico é complexo e envolve diversos fatores, sendo feito principalmente pelos sintomas e exames laboratoriais – anticorpos antinucleares e anticorpos anti-DNA são os mais frequentemente positivos. É preciso alertar que um anticorpo positivo, não é suficiente para fazer o diagnóstico da doença, o diagnóstico de Lúpus baseia-se em critérios estabelecidos pelos Colégios de Reumatologia Americano e Europeu. Os testes laboratoriais, só por si, não são suficientes para o diagnóstico. No entanto, em conjunto com os sintomas referidos pelo doente e os sinais observados pelo médico, são muito importantes para se chegar a um diagnóstico. Em alguns casos o diagnóstico é difícil de obter, e apesar de haver a suspeita de Lúpus os dados clínicos são insuficientes para fazer um diagnóstico. Nestes casos, só o desenrolar da situação clínica é que nos confirmará a presença da doença. Por outro lado, o Lúpus tem formas de apresentação muito variadas. Esse facto também pode dificultar o diagnóstico.
Como se trata o Lúpus?
Embora o Lúpus não tenha cura, existem alguns tratamentos, que ajudam a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida destes doentes, podendo ser indicado o uso de remédios anti-inflamatórios, corticoides e imunossupressores. O objetivo do tratamento do Lúpus é a proteção de órgãos vitais e da manutenção da doença inativa, de forma a manter a qualidade de vida dos pacientes. A atuação terapêutica inclui fármacos, exercício físico, repouso adequado, dieta, evitar a exposição à radiação ultravioleta (exposição solar) e evitar o stress. Os fármacos são necessários para a maioria dos doentes com Lúpus e constituem ainda a forma mais eficaz de tratar as formas graves da doença, sendo que os medicamentos podem mudar segundo as fases de evolução da doença.