Um piano, um saxofone, uma guitarra portuguesa, um gramofone, uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, um crucifixo, uma bicicleta ou uma moto: estes são alguns dos objetos em tamanho real a que Jorge Marquez deu vida recorrendo à arte da filigrana em arame e que agora estão em exposição no Posto de Turismo durante os meses de fevereiro e março. No dia da inauguração, que se realizou a 6 de fevereiro, o artista explicou o uso da filigrana, que anda pelo mundo inteiro: “gosto muito do que é nosso. Nós é que parece que não gostamos muito do que é nosso, mas eu gosto muito”. A diferença é que esta filigrana é feita com arame e não o material nobre com que costuma ser criada. A residir no concelho vizinho de Oleiros, o objetivo de Jorge Marquez é criar um Museu de Arte Viva onde possa colocar as esculturas com o princípio de filigrana – e as suas pinturas – e trabalhar ao vivo, de modo que os visitantes possam ter a noção da execução de uma peça. O artista explicou que gosta de trabalhar em várias peças ao mesmo tempo o que pode, por vezes, aumentar o prazo de execução das mesmas: o piano, por exemplo, demorou quase quatro meses a ser feito. “Pensava que ia ser mais fácil e afinal não foi, porque eu tento fazer o máximo possível de pormenores, tanto que ele tem cordas por dentro. Outro artista qualquer se calhar fecharia a tampa e ficava ali um retângulo. Eu não sigo isso porque quis que ele tivesse cordas e tudo isto demora muito tempo, mas é o pormenor que faz com que o meu trabalho seja melhor”, referiu. Para além de estarem à venda, Jorge Marquez aceita encomendas, ainda que, como diz, se pudesse não vendia nada. “Não é o dinheiro que me move. Posso ter uma grande vivenda com piscina e não ser feliz e posso viver numa casa só de uma divisão e ser muito feliz, que é o que eu sou, porque faço o que gosto”. Presentes na inauguração estiveram vários artistas do concelho, como Silvia Mathys, Cavalheiro Cardoso e Yola Vale, abrindo a possibilidade para uma futura colaboração, até porque as peças de Jorge Marquez incluem outros materiais para além do arame, por exemplo a cerâmica. João Lobo, presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, salientou esta possibilidade, referindo também que “a arte pode estar ao serviço da coesão dos territórios”. Agradecendo a disponibilidade do artista em expor no concelho, convidou o artista a falar sobre o seu processo criativo que inclui pintura em diversos materiais, como pastel, óleo, aguarela e aerografia. A exposição pode ser vista no Posto de Turismo, na Rua do Rossio, em Proença-a-Nova, no horário de segunda a sexta-feira entre as 9h00 e as 18h30, aos sábados entre as 9h30 e as 15h00 e aos domingos e feriados entre as 9h30 e as 13h30.