A ciência e a prática políticas já demonstraram que em democracia a função do poder é determinante mas a da oposição é muito importante, de tal maneira que quanto mais ativa é a oposição mais forte é o poder, ou seja, é o principio dos “vasos comunicantes” a funcionar.
Este pressuposto é relevante já que, no caso das eleições legislativas de 30 de janeiro, é previsível que nenhum dos dois maiores partidos políticos (isto é, PS ou PSD) alcançará a maioria absoluta dos votos expressos, a fazer fé nas sucessivas sondagens de opinião que têm sido divulgadas.
Perante este cenário, se o PS conquistar uma maioria relativa da votação precisará que os partidos à sua esquerda (ou seja, PAN, PCP, BE e Livre) viabilizem o seu programa governativo na Assembleia da Republica, mas se este apoio politico não acontecer terá que ser o PSD a “deixar passar” o executivo socialista.
Dentro deste quadro eleitoral, se o PSD atingir a maioria simples dos votos também necessitará que os partidos à sua direita (isto é, CDS, IL e PAN em regime de SOS) aprovem o programa do governo laranja, mas caso esta convergência partidária seja insuficiente terá que ser o PS a viabilizar o elenco do PSD para este não ficar dependente, nem refém da extrema direita antidemocrática.
Por isso, antevemos como são essenciais os papéis das oposições para não bloquearem o funcionamento do sistema democrático, caso não pretendam sujeitar os portugueses à repetição do ato eleitoral com as implicações negativas que este teria na economia, nas finanças e na reputação do país, quer a nível europeu, quer no plano mundial.
Mas, além da importância das oposições de esquerda e direita, será fundamental que os dois maiores partidos façam uma campanha eleitoral pedagógica (à semelhança do que ocorreu na maioria dos debates televisivos), onde detalhem as suas opções económicas, financeiras, fiscais, sociais, ambientais, habitacionais, educativas, de justiça, de transportes e de saúde para que os eleitores fiquem bem informados e sem dúvidas sobre as alternativas propostas.
Por fim, a Lezíria do Tejo e o Médio Tejo também precisam que os candidatos do distrito de Santarém expliquem e “deem a cara” pelas apostas concretas que apresentam aos cidadãos da nossa região, de modo a torná-la mais atrativa ao investimento (público e privado) e a minorar os impactos da interioridade, desertificação, crise demográfica, envelhecimento populacional, assimetria de transportes, desordenamento florestal e alterações climáticas, entre outros problemas aqui existentes. – José Rogério –