O mercado de transferências de Verão de 2021 veio confirmar a mudança que o universo do futebol tem vivido, particularmente no aspeto da compra e venda de jogadores. Durante a abertura desta janela negocial, em solo europeu, apenas três jogadores foram transferidos por valores superior a 80 milhões de euros (Jack Grealish, Romelu Lukaku e Jadon Sancho), todos eles adquiridos por emblemas da Premier League. Não é segredo que existem, hoje, diferenças assinaláveis na forma como os clubes e jogadores se movimentam, fruto da paragem e do condicionamento que a pandemia trouxe ao desporto.
Ainda assim, um estudo do Observatório do Futebol (CIES) dá conta de que vários clubes europeus já começam a demonstrar sinais de retoma financeira pós-pandemia. A conclusão teve por base a análise das despesas e receitas registados nos cinco principais campeonatos europeus (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França). Entre o Verão de 2019 (em que ainda não se falava da pandemia) e o de 2020 (o primeiro vivido com pandemia), foi registada uma queda de 41% nos valores transacionados nas principais ligas europeias. Em 2021, no entanto, já se assinalou um ligeiro crescimento, na ordem dos 2%.
Em Portugal, esta retoma não se verificou. A pandemia retirou os adeptos dos estádios, e colocou-os a sentir as emoções do jogo no sofá de casa, comentando o jogo com a família mais próxima e partilhando os seus prognósticos nas apostas desportivas. Depois da quebra registada no Verão de 2020, FC Porto e Sporting não demonstraram sinais de retoma em 2021. Os “azuis” saíram do Verão de 2019 com um saldo positivo de 24 milhões de euros, realidade que se estendeu ao Verão de 2020, tendo amealhado 53 milhões. No entanto, na janela de mercado de 2021, registou um prejuízo na ordem dos 3,5 milhões de euros.
Já o Sporting registou receitas de 24 milhões nos verões de 2019 e 2020, mas esse valor desceu apenas para 1,5 milhões de euros em 2021, ano em que o valor do investimento em novas captações ficou muito abaixo do normal. O SL Benfica destoa do caso dos restantes dois “grandes”, por ter lucrado valores bastante superiores no mercado de Verão de 2019 (receita de 164 milhões de euros). Em 2021, apesar de ter gasto o mesmo que o FC Porto, e o dobro do Sporting, os “encarnados” registaram um saldo positivo de 24 milhões de euros.
A incerteza parece querer continuar a reinar nos mercados do futebol. A janela de transferências que fechou recentemente ficou marcada pelos poucos investimentos milionários, a que os adeptos já se habituaram a assistir, e ainda por várias transferências fechadas por valores muito abaixo do expectável.