O 12.º aniversário da canonização de São Nuno de Santa Maria foi assinalado no passado dia 26 de abril em Cernache do Bonjardim, com um programa simples, mas cheio de simbolismo, promovido pelo Município da Sertã e pela União de Freguesias de Cernache do Bonjardim, Nesperal e Palhais.
As comemorações arrancaram pelas 16 horas com a celebração de uma missa na igreja do Seminário das Missões, presidida pelo padre Adelino Ascenso, Superior Geral da Sociedade Missionária da Boa Nova. A celebração eucarística, com lotação limitada devido às medidas em vigor no contexto atual de estado de emergência, contou com acompanhamento musical a cargo de Ana Sofia Ventura (soprano), Rita Pires (piano) e Rita Mendes (flauta).
Na homilia, o padre Adelino Ascenso invocou São Nuno de Santa Maria como um “homem de grandes dotes militares e espiritualidade profunda”, que “faz lembrar Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, ou Justo Takayama Ukon, o samurai de Cristo”. Trata-se de “figuras de radicalidade, de paixão. Homens que entraram pela porta e puseram alma naquilo que faziam”, acrescentou o pároco. Desafiando toda a comunidade a aprender com São Nuno de Santa Maria, o reverendo pediu para que “sejamos fiéis aos nossos sonhos e ao nosso serviço fraterno ao outro”. Depois da missa, seguiu-se uma romagem ao nicho, situado nas traseiras do Seminário das Missões, onde está uma pequena imagem de Nuno Álvares Pereira e que assinala o local onde este nasceu em 1360. O presidente do Município da Sertã, José Farinha Nunes, e a presidente da Junta de Freguesia da União de Freguesias de Cernache do Bonjardim, Nesperal e Palhais, Filomena Bernardo, depuseram ali uma coroa de flores.
Nuno de Santa Maria (de seu nome Nuno Álvares Pereira) nasceu a 24 de junho de 1360 em Cernache do Bonjardim. Intrépido cavaleiro, foi autor de várias façanhas militares, tendo uma ação decisiva na marcante Batalha de Aljubarrota, onde se jogava a independência de Portugal. Figura central no reino, foi Condestável e um dos homens mais poderosos do país. Abdicou de todos os títulos e das vastas propriedades que detinha e entrou para o Convento do Carmo, em Lisboa, onde iniciou uma vida dedicada à caridade. Morreu no dia de todos os santos de 1431 e quase cinco séculos depois, mais precisamente em 1918, foi beatificado pelo papa Bento XV. Em 2009, o papa Bento XVI canonizou-o, lembrando uma “figura exemplar nomeadamente pela presença duma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis à mesma, sendo a prova de que em qualquer situação, mesmo de carácter militar e bélico, é possível actuar e realizar os valores e princípios da vida cristã”.