O presente e o futuro do Programa de Revitalização do Pinhal Interior (PRPI) estiveram em debate na Sertã, na passada segunda-feira, 19 de abril, numa sessão que contou com a presença, entre outros, da Ministra da Coesão Territorial e dos secretários de Estado da Conservação da Natureza, Florestas e Ordenamento do Território; do Desenvolvimento Regional; e da Valorização do Interior. Promovida pelo Ministério da Coesão e pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), com o apoio do Município da Sertã, a iniciativa decorreu na Casa da Cultura da Sertã, com acesso reservado apenas a convidados, mas com transmissão em direto nas redes sociais do Município. A sessão era aguardada com enorme expetativa, devido à relevância estratégica deste programa para a região do Pinhal Interior. Isso mesmo foi realçado pela ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que falou de “um momento único” em que existe “vontade política” e recursos, como os fundos comunitários e os próximos programa-quadro, para concretizar as metas inscritas no PRPI.
A ministra admitiu que será necessário definir “o que é prioritário” para estes territórios, tendo como objetivo primordial “a qualidade de vida e segurança das pessoas” que aqui vivem ou que venham a fixar-se futuramente. Além disso, lembrou a necessidade destes territórios serem encarados como “locais de atração de pessoas (…) e de atividade económica”. “Temos aqui um potencial extraordinário para aproveitar a floresta, a agricultura e outras atividades ligadas à ciência e recursos endógenos, em que apenas a criatividade é o limite. Saibamos recomeçar”, finalizou a governante.
A abrir esta sessão, o presidente da Câmara Municipal da Sertã, José Farinha Nunes, referiu-se ao Pinhal Interior como sendo “uma região que há muito reclama por atenção e por um plano que, como este, promova o ordenamento sustentado do espaço rústico, reforce a segurança das populações e a proteção dos espaços florestais e promova uma estratégia de desenvolvimento económico e social destas regiões”.
José Farinha Nunes recordou, contudo, que “o sucesso deste tipo de planos está muito dependente da capacidade de atrair mais investimento para a região, gerador de emprego e que fixe a população. Esta é uma equação difícil, mas se não a conseguirmos resolver, estaremos apenas a aplicar paliativos e a não garantir a sustentabilidade futura deste território e a sua coesão”. O autarca está otimista relativamente ao PRPI, “cujas linhas orientadoras e objetivos vão ao encontro das necessidades deste território”. Também presente neste encontro, Isabel Damasceno, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro, seguiu o otimismo de todos oradores presentes, sublinhando que é “desta vez que vai ser verdade conseguirmos transformar este território. Temos todos os ingredientes para fazer melhor o que até agora não foi feito”.
Este encontro contou ainda com as intervenções de Carlos Miguel, secretário de Estado Adjunto e do Desenvolvimento Regional; Isabel Ferreira, secretária de Estado da Valorização do Interior; João Paulo Catarino, secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, e de José Carlos Alexandrino, presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra. No leque de convidados figurava ainda Alfredo Dias, Vice-Reitor da Universidade de Coimbra e Vice-Presidente da Direção do SerQ – Centro de Inovação e Competências da Floresta, que atualmente lidera o projeto Forest For Future.
A apresentação deste projeto ocupou a intervenção de Alfredo Dias, que discorreu sobre os diferentes objetivos do Forest For Future, chamando a atenção para as quatro áreas em que o mesmo assenta: “Plantas e Viveiros”, “Gestão Florestal”, “Indústria” e “Floresta multiusos”.
Estiveram igualmente em destaque um conjunto de apresentações, protagonizadas por Paulo Mateus, da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Florestais (“Programa de Ação do Programa Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais”), Carlos Fonseca, ligado ao ForestWISE – Laboratório Colaborativo para a Gestão Integrada da Floresta e do Fogo (“Inovação para a revitalização do setor florestal no Pinhal Interior”), Rui Simão, da ADXTUR, (“O papel da marca Aldeias do Xisto no posicionamento estratégico do Pinhal Interior”) e Luís Matias, do Grupo de Trabalho para a implementação de projetos transformadores das economias locais (“Intervenção Integrada de Base Territorial do Pinhal Interior”).
Refira-se que o Programa de Revitalização do Pinhal Interior teve início em 2018, traduzindo-se até à data num investimento de 134 milhões de euros. Atualmente conta com 55 medidas que abrangem três eixos de ação: promoção do ordenamento do espaço rústico, reforço da segurança das populações e a proteção dos espaços florestais e desenvolvimento de uma estratégia económica e social do território.