No contexto da grande competitividade a nível mundial, europeu, na península ibérica e em Portugal, as III jornadas de turismo do Instituto Politécnico de Tomar (IPT), realizadas nos dias 6 e 7 de dezembro, foram bastante importantes, na medida em que evidenciaram o potencial e aptidão turísticas dos concelhos do Médio Tejo, bem como de outras regiões do país
A este propósito, as instalações do IPT e a Sinagoga de Tomar foram espaços privilegiados para refletir e discutir temas tão oportunos, como por exemplo: os impactos dos produtos culturais e religiosos no território da nossa região; a arte religiosa vista como um fator de atratividade territorial; a relevância do património cultural e religioso nas dinâmicas das comunidades locais; e a diversidade de experiências associadas ao património Judaico.
Contudo, para operacionalizar a agenda de trabalhos, a organização estruturou os dois dias das jornadas em vários painéis temáticos, designadamente os seguintes: a arte religiosa ao serviço do turismo; o turismo e o património cultural e religioso no desenvolvimento dos territórios; as implicações do turismo Judaico em Belmonte e na região envolvente; e ainda uma atividade de “storytelling” na Sinagoga de Tomar.
Entretanto, sobre a relevância estratégica do turismo, sabemos que este setor dá imensos contributos para o crescimento económico de muitos países (incluindo de Portugal), mas, segundo a história da economia mundial, não existe nenhum país que assente o seu desenvolvimento estrutural no setor turístico, pois as suas dinâmicas e atividades são conjunturais e voláteis face a alterações climatéricas, politicas, militares, sociais, entre outras.
Depois, cabe salientar que, no primeiro painel, os oradores destacaram a importância da paisagem natural e humana de Fátima e as sucessivas evoluções ocorridas após as “aparições”, bem como os significados e as construções artísticas, estéticas e simbólicas verificadas no perímetro do Santuário; tal como sublinharam as influências espiritual, religiosa, turística e política da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima nas “incursões” feitas em vários países e continentes do mundo.
Por sua vez, no segundo painel, os oradores abordaram a originalidade do projeto das “Aldeias do Xisto” e os grandes impactos positivos desta marca nos territórios do “interior profundo” do país, onde tudo (terra, serras, céu, rios, comida,…) readquiriu novos significados e valores, encerrando o período da manhã com a magnífica comunicação do Professor Luis Mota Figueira, intitulada “Turismo, Roteirização e visão da Organização Mundial do Turismo (OMT)”.
Na verdade, este especialista e docente do IPT, fez uma objetiva abordagem da conjuntura internacional, europeia, nacional e regional; caraterizou o turismo como fator de desenvolvimento sustentável nos planos ambiental, social, económico e cultural; explicou o conceito de Roteirização e as suas implicações na investigação, no crescimento económico, na criatividade e na definição dos promotores e operadores turísticos; explanou a dimensão do Turismo Cultural na ótica da OMT; e sintetizou a experiencia do Geoturismo no Médio Tejo com as “mais-valias” resultantes para promotores, empresários, profissionais, turistas e investigadores
Nesta sequência, no período da tarde, as jornadas prosseguiram com intervenções relativas ao turismo religioso judaico e aos seus fortes impactos no concelho de Belmonte (mas também no Fundão e Covilhã), pois já captam cerca de 130.000 turistas religiosos anualmente, com grande predominância de judeus residentes e estrangeiros, os quais manifestam tendência para aumentar, assim como uma interessante apresentação “guiada” pela rota religiosa de Oleiros, rica na sua variedade de capelas.
De seguida, decorreu um esclarecedor debate, onde o Presidente da Empresa Municipal de Belmonte informou que este concelho está a ultimar a sua candidatura a Património Imaterial da Humanidade do “Cripto Judaísmo”, no âmbito da UNESCO, manifestando também disponibilidade em dialogar e colaborar com Tomar, na eventualidade destes dois municípios decidirem concorrer ao Estatuto (e suas contrapartidas) de “Capital do Judaísmo em Portugal”.
Por outro lado, no segundo dia de trabalhos, as jornadas centraram-se principalmente na Sinagoga de Tomar, onde decorreu um original intercâmbio cultural “Storytelling”, protagonizado pelos alunos do curso profissional de Técnico de Turismo, do Agrupamento de Escolas Nuno de Santa Maria e pelos alunos do curso Tesp de Turismo do IPT.
Por fim, de forma resumida, podemos concluir que, após o turismo cultural e religioso ter afirmado junto de turistas, visitantes e peregrinos a sua força atrativa pelo património material e imaterial do país, ele está a confirmar o seu potencial transformador das nossas paisagens e territórios regionais e locais, tal como esta iniciativa do IPT e a sua mentora (a docente Eunice Lopes) estão também a afirmar e a confirmar a valia técnica e pedagógica das Jornadas, ficando todos os interessados a aguardar pela realização da sua próxima edição.
José Rogério