É um dos retratos mais icónicos da história do União de Tomar: Eusébio da Silva Ferreira, o “Pantera Negra”, com as cores “unionistas”. A passagem pelo clube foi fugaz, mas o União ficará para sempre associado a um nome imortal no mundo do futebol.
Eusébio da Silva Ferreira chegou a Tomar e ao União já na fase descendente da carreira, em dezembro de 1977, prestes a cumprir 36 anos. Fernando Mendes, presidente do clube à época, conseguiu assegurar a contratação do “Pantera Negra”, mas não sem uma ajuda decisiva: António Simões, ex-companheiro no balneário do Benfica que se encontrava em Tomar a desempenhar as funções de treinador-jogador e com quem mantinha uma ótima relação, apelidando-o de “irmão branco”. Os dois treinavam e jogavam na cidade, mas ao final do dia, regressavam à capital.
Quando assinou pelo União de Tomar, Eusébio já tinha deixado o Benfica dois anos antes para abraçar uma “reforma dourada” além fronteiras, nomeadamente no futebol norte-americano. Foi precisamente nas férias do campeonato norte-americano que Eusébio regressou ao país de origem para representar o União de Tomar que, na altura, militava no segundo escalão nacional. Longe dos grandes palcos da Taça dos Campeões Europeus, atual Liga dos Campeões, prova com mercados disponíveis para aposta de futebol, a popularidade do astro português foi fazendo com que todos os estádios pelos quais passava o Tomar estivessem constantemente cheios.
A estreia absoluta de Eusébio ao serviço do União de Tomar aconteceu num feriado, a 1 de dezembro. O encontro entre o emblema da cidade do Nabão o Estoril terminou empatado a uma bola. A estreia, essa, seria amarga. Volvidos dez dias, em partida relativa à jornada 11 do segundo escalão, o Tomar de Eusébio perdeu com o União de Leiria por uma bola a zero. Debilitado do ponto de vista físico, lesionar-se-ia num jogo com o Beira-Mar, perto do Natal.
O primeiro golo surgiria já no final de janeiro, frente ao Peniche, num triunfo por uma bola a zero. Em fevereiro, ofereceria a vitória ao União diante do Cartaxo com dois golos na conversão de livres diretos, os últimos ao serviço do clube e no futebol português. Em termos absolutos, contabilizando os jogos oficiais, Eusébio vestiu a camisola do União de Tomar em 12 ocasiões e marcou três golos.
A ligação cessou em abril/maio e Eusébio regressou então aos Estados Unido da América para representar os New Jersey Americans. Numa altura em que já não se encontrava nas melhores condições do ponto de vista físico, Eusébio ainda realizou nove partidas e apontou cinco bolos. Em termos coletivos, o União de Tomar acabou a época no quarto lugar e não conseguiu regressar ao escalão máximo do futebol nacional.
O União de Tomar foi um dos únicos três emblemas portugueses que Eusébio representoui. Além do Benfica, emblema com o qual se confunde o seu nome, Eusébio representou também o Beira-Mar em 1976.
Eusébio faleceu a 5 de janeiro de 2014, um dia antes do “Dia de Reis”. Curiosamente, para muitos, o jogador nascido em Lourenço Marques, atual Maputo, ficou eternizado como “King”.