Maria do Céu Albuquerque, presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e da Câmara Municipal de Abrantes, deixou o alerta, em entrevista concedida à Hertz: quando se fala de saúde, fala-se de pessoas e não de números. A autarca reage, desta forma, à intenção do Governo em avançar para a criação do Grupo Hospitalar do Ribatejo, uma junção que, a confirmar-se, irá mudar, certamente, os hospitais de Tomar, Torres Novas e Abrantes tal e qual como os conhecemos. Ou seja, a perda de valências será inevitável. Maria do Céu Albuquerque confessou não saber qual é a ideia do Governo e quais os serviços que podem ser afectados: «Não sabemos o que está aqui em causa pois não conhecemos o detalhe do estudo… Não sabemos se está em causa a cirurgia, a maternidade, a ortopedia… Percebemos é que há intenção de se criar condições para rentabilizar e optimizar a distribuição de valências pelas quatro unidades. Se por três isso já é difícil, então imaginemos por quatro. Não nos podemos esquecer da dimensão do nosso território. Percebemos que há um hospital novo em Vila Franca de Xira, a quarenta quilómetros de Santarém… Existe um outro hospital, em Leiria, a quarenta quilómetros de Ourém, Fátima, Tomar, Torres Novas… Quando existe um outro hospital a oitenta quilómetros de Abrantes, que é o de Castelo Branco, temos que repensar todo este modelo e de que maneira vamos investir para rentabilizar os recursos disponíveis. Estamos a falar de pessoas e não de números». Do pouco a que os autarcas do Médio Tejo tiveram acesso, até agora, neste processo de intenções, Maria do Céu Albuquerque não tem dúvidas em afirmar que «não se augura nada de bom», recordando exemplos recentes, nomeadamente a reforma do Mapa Judiciário. A presidente da CIMT e da Câmara Municipal de Abrantes diz não estar disponível para afastar a saúde dos cidadãos: «Daquilo que podemos depreender, não se augura nada de bom. Temos um Centro Hospitalar do Médio Tejo a funcionar com grande debilidade e sabemos que existe um hospital de Santarém que não funciona melhor. Quando se juntam duas coisas que funcionam menos bem, não é para melhorar mas sim para piorar. Temos exemplos recentes, nomeadamente a reforma do Mapa Judiciário. Por isso, claramente, não estamos disponíveis para afastar também a saúde dos nossos cidadãos, até porque está em causa um direito fundamental e uma condição para garantir qualidade de vida. Ao nível da Comunidade Intermunicipal, pedimos para que nos remetam todos os elementos necessários para podermos firmar a nossa decisão. Em relação à Câmara de Abrantes, posso dizer que estamos, efectivamente, preocupados, não com o hospital de Abrantes mas sim com todo o Centro Hospitalar do Médio Tejo porque temos consciência de que aquilo que nos está a ser vendido hoje terá consequências inevitáveis para as nossas populações».