Início CULTURA CHAMUSCA – Vila reafirma raízes culturais com festa taurina para todos

CHAMUSCA – Vila reafirma raízes culturais com festa taurina para todos

Milhares de pessoas, a maioria chamusquenses mas também muitos visitantes de concelhos limítrofes e de outros concelhos amigos da festa brava, participaram na quinta edição do Eh! Toiro – Festa Taurina, que decorreu na Chamusca, entre 4 e 7 de outubro. Este evento foi uma organização conjunta do Município da Chamusca e da Associação Eh! Toiro, e mais uma vez veio reforçar a aposta do concelho na sua identidade ligada à festa brava, dando expressão concreta à decisão do Município de declarar a tauromaquia como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal. A festa foi, literalmente, para toda a família. Destaca-se naturalmente a grande Corrida de Toiros realizada no dia 5 de outubro, que teve praça cheia, bom ambiente, lides à altura dos pergaminhos desta arena e dos cavaleiros presentes, e ainda valentes pegas dos dois grupos de forcados do concelho, os Amadores da Chamusca e o Aposento da Chamusca. Foi uma tarde de sol, com a presença de muitas famílias que escolheram a Chamusca para passarem o feriado nacional, dando assim força a esta aposta municipal em promover e apoiar eventos tauromáquicos.

A destacar também a boa afluência de público ao concurso de cernelhas que contou com a participação de 7 grupos nacionais, que trouxeram as suas claques e deram um belo espetáculo aos aficionados, naturalmente com despique e competição que ficaram bem espalhadas na entrega dentro da praça. Num terceiro patamar, e a provar que a tauromaquia portuguesa é rica em diversidade e atrai aficionados de todas as idades e gostos, a Festa Taurina fechou com chave de ouro com uma tarde de domingo dedicada a outras formas de lidar o toiro, que incluiu uma demonstração de recortadores e uma largada de bezerros na Praça. Os recortadores mostraram mais uma vez como é possível enfrentar o toiro sem artifícios, a não ser a agilidade e a boa forma física que lhes permite fazer acrobacias de cortar a respiração. Seguiu-se uma solta de bezerros que contou com a participação de muitas crianças e jovens e a relevou até alguns futuros talentos do toureio a pé, proporcionando aos mais pequenos exemplos de respeito pelos animais e a oportunidade de poderem contatar de perto com esta cultura que diz tanto às gentes da Chamusca e do Ribatejo.

Houve ainda um encierro de seis toiros e seis cabrestos que foram largados sem cavaleiros numa manga criada especialmente na EN118, entre os Paços do Concelho e a Praça de Toiros. Foi mais uma noite de muita gente nas ruas da Chamusca, e muitas pessoas aproveitaram para ficar, jantar e assistir aos espetáculos da noite, tanto aos concertos como à largada de toiros bem animada que se seguiu na noite de sábado. Dando expressão ao gosto de vários públicos da Chamusca, houve também duas manifestações culturais em destaque: atuações de sevilhanas, entre as quais o grupo local “Las Flamenquitas da Chamusca”, o grupo recém-criado “PP Criar Sorrisos”, e ainda uma noite de fados que encerrou a festa com a atuação de músicos e cantores locais, em mais uma afirmação das raízes identitárias da Chamusca como que respira fado nas suas diversas: cantado, tocado e dito em poesia. Aproveitando a visita de muitos forasteiros, a Chamusca aproveitou para dar a conhecer a sua etnografia com atuações de ranchos locais – Danças e Cantares de Vale de Cavalos e Rancho Etnográfico da Carregueira – mas também através de um grande cortejo etnográfico, realizado no dia 5 de outubro, a anteceder a corrida de toiros, e que contou com a participação de mais de meio milhar de pessoas ligadas à cultura taurina – cavaleiros, forcados, campinos – e ainda de grupos etnográficos locais e da Banda da Carregueira.

A feira que rodeou toda a festa brava, em torno da praça de toiros, deu a conhecer o artesanato e a gastronomia locais, com destaque para a carne de toiro bravo (note-se que a Chamusca é território de criação de gado bravo com várias ganadarias em atividade) e também das famosas Trouxas da Cuca, um doce local. O espaço de exposição também cresceu nesta quinta edição, com mais stands e novos expositores ligados ao mundo rural. Na inauguração, o Presidente da Câmara Municipal, Paulo Queimado, recordou o desafio lançado a este conjunto de aficionados chamusquenses para colocarem de pé um evento ligado à cultura taurina. O desafio foi feito em 2014, aquando da Semana Ascensão, e nesse mesmo ano, seis meses depois, era realizada a primeira edição do Eh! Toiro. Nasceu também a associação com o mesmo nome que tem crescido e realizado outros eventos, assim como sendo responsável pela realização dos eventos taurinos da Semana da Ascensão.