O baixo caudal do Tejo está à vista de todos: em Vila Nova da Barquinha, por exemplo, há dezenas de pessoas que aproveitam a situação para atravessar, a pé, até ao Castelo de Almourol, ignorando as proibições que estão no local e, dessa forma, colocando-se, a elas próprias, em risco. Aliás, já houve mesmo registo para alguns incidentes que resultaram em ferimentos, ainda que ligeiros. O Monumento, nesta altura, não está totalmente rodeado de água – como seria normal – facto aproveitado por turistas para atravessar por cima das rochas. E depois sucedem-se as quedas. Outras das atracções que marcava uma visita ao Castelo de Almourol passava, essencialmente, pela possibilidade de viajar, de barco, à volta do Monumento… e isso é impossível nos dias de hoje. A situação promete agudizar-se ainda mais.
Fernando Freire, presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha, em entrevista à Hertz, desaconselhou as pessoas a efectuarem estes percursos, sublinhando mesmo que já houve registo para alguns incidentes: «Já houve registo, de facto, para alguns incidentes, que provocaram danos corporais em algumas pessoas devido à dificuldade de acesso ao castelo. Deixou de correr água em toda a zona Norte, é extremamente ingreme, com grandes obstáculos na subida ao castelo, pelo que algumas pessoas têm sofrido esses danos. Não compensa mesmo nada fazer este tipo de trajecto porque nem vão entrar no castelo. Neste momento, temos duas pessoas no local, ou seja, o barqueiro e ainda uma pessoa que está à entrada do monumento que só deixa entrar quem for portador do respectivo título. Das duas uma, ou a pessoa volta para trás, arriscando novamente, ou paga o título, o que significa a mesma coisa do que fazer a viagem de barco. Tenho que dizer que pouco está a ser feito para que tudo volte ao normal no que diz respeito ao Tejo. E as coisas caem no âmbito da administração central, quer através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que terá que negociar, objectivamente, a questão da gestão da água. E estamos a falar dos desvios de caudais que estão a ocorrer no Tejo, com centenas de metros cúbicos desviados, por segundo, para Sul, e também tem a ver com o Ministério da Economia e com a própria EDP, na questão dos caudais mínimos no Zêzere. Há que tomar medidas concretas para não matar o Tejo, sob pena de colocarmos em causa os recursos do rio e ainda a questão de saúde pública».
Foto tvi.iol.pt